São Paulo, sábado, 12 de setembro de 1998

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IATISMO
Condutor da lancha que atropelou Lars Grael diz não ter visto bóia e não ter feito manobra para evitar choque
Piloto se contradiz em depoimento

SÉRGIO RANGEL
enviado especial a Vitória

O empresário Carlos Guilherme de Abreu Lima, 29, que atropelou com uma lancha o iatista Lars Grael domingo passado, entrou ontem em contradição ao depor na Capitania dos Portos do Estado do Espírito Santo.
Lima admitiu que não viu a bóia que demarcava a raia da regata Taça Cidade de Vitória e a ultrapassou antes de bater no barco de Grael, bronze em Seul-88 e Atlanta-96, na classe Tornado.
Com o choque, o iatista foi sugado pela hélice da lancha e teve a perna direita decepada.
O empresário disse também que não tentou fazer manobra antes da colisão. Ele contou que não viu o barco de Grael.
As declarações feitas ontem são conflitantes com o depoimento concedido pelo próprio Lima no dia do acidente à Polícia Civil.
No domingo, Lima disse que a sua lancha se chocou com o barco do iatista já fora da área de competição. Na ocasião, ele declarou que tentou fazer a manobra de segurança antes da batida.
Segundo o primeiro depoimento de Lima, ele "parou as máquinas, colocando a lancha em ponto morto, manobrou a lancha para o lado direito, quando percebeu o choque, que foi de resvalo".
Ontem, o piloto da lancha, que chorou várias vezes, ficou cerca de quatro horas sendo interrogado pelo presidente do inquérito administrativo marítimo, o capitão Waldir Teixeira Oliveira.
No depoimento de ontem, o empresário negou que a sua acompanhante, uma menor de 16 anos, estivesse pilotando a lancha no momento do acidente. Ele negou que estivesse mantendo relações sexuais com a menor na ocasião.
No depoimento de ontem, Lima voltou a afirmar que não bebeu no dia do acidente, apesar de o laudo do Departamento Médico Legal do Estado do Espírito Santo ter constatado a presença de 1,5 g de álcool por litro de sangue, acima do nível permitido, no exame realizado por ele no dia do acidente.
O depoimento de ontem servirá como peça também na Justiça Comum. Ontem, a polícia ouviu três iatistas, que socorreram Grael.



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