da Reportagem Local

O meia-atacante Rivaldo ameaça ir à Justiça contra Josep Lluís Núñez, presidente do seu clube, o Barcelona. A ameaça é o ápice de uma crise gerada por uma discussão sobre aumento salarial.
O confronto se acirrou nesta semana, quando o jogador fez uma atuação consagradora pela seleção brasileira, contra a Argentina.
Na terça-feira, Rivaldo marcou três gols (além de um incorretamente anulado) e deu o passe para Ronaldo marcar o quarto na vitória de 4 a 2, em Porto Alegre.
A sua atuação, que aumenta suas chances de receber o prêmio de melhor jogador do mundo neste ano, é um ingrediente a mais na sua disputa.
A reivindicação de Rivaldo ganhou corpo há cerca de um mês, quando o Barcelona rechaçou uma oferta de US$ 50 milhões pelos seus serviços, feita pelo time inglês Manchester United, campeão europeu.
O jogador brasileiro disse que preferia ficar no clube espanhol, mas reivindicou um aumento compatível com o que ganharia em caso de transferência.
Diante da dificuldade em conseguir um aumento, Rivaldo tornou público o problema.
Núñez, então, contrapropôs manter o salário e criar uma cláusula de renovação anual, segundo o interesse do clube.
Aí o procurador do jogador, José Maria Minguella, contou a origem do problema. Segundo ele, Rivaldo só trocou o La Coruña pelo Barcelona, em julho de 1997, porque recebeu uma oferta de US$ 400 mil por mês, por um contrato de seis anos. Mas, na hora de assinar, o Barcelona apresentou um contrato com salários de US$ 280 mil -e ainda impôs uma multa de cerca de US$ 90 milhões em caso de rescisão.
A atitude de Núñez foi muito similar à que havia feito com Ronaldo cerca de um mês antes e que levou o atacante a trocar o clube espanhol pela Internazionale de Milão.
Mas a situação de Rivaldo era diferente. Como a sua ida para o Barcelona havia se tornado pública, ele não podia mais voltar ao La Coruña, pois, de herói, passara a vilão da torcida de seu ex-clube.
Para fechar o acordo, segundo Rivaldo, Núñez teria lhe prometido um reajuste de seu contrato após dois anos, ou seja, agora.
Mas, no início desta semana, o jornal ""La Vanguardia", de Barcelona, publicou um documento, assinado dois anos atrás em que Rivaldo se diz satisfeito com seu salário.
Núñez negou ter sido o responsável pelo vazamento do documento. Mas, ao chegar a Barcelona, Rivaldo criticou Núñez e agora o ameaça de processo.
A briga se estendeu até aos dois principais técnicos do clube nos últimos anos. Johan Cruyff, desafeto de Núñez, defendeu um aumento para Rivaldo. Louis Van Gaal, que está no cargo, disse que Rivaldo deve encerrar o assunto para não se prejudicar.
Por enquanto, Rivaldo não pode romper com o clube. Ontem à noite, ele defenderia o time na partida contra o Espanyol, no clássico da capital da Catalunha.


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