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PAULO VINICIUS COELHO
O melhor do mundo
Apenas dois meses depois
da eleição de Kaká, em 2007,
já não se incluía o nome do craque brasileiro na disputa
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KAKÁ, O MELHOR jogador do
mundo, nunca atuou pela seleção brasileira. Não, desde
que foi escolhido, vestiu o manto e
sentou-se no trono, em dezembro
do ano passado. A última partida de
Kaká com a camisa do Brasil aconteceu em novembro de 2007, contra o
Uruguai. Em dezembro, ele foi campeão mundial de clubes, no Japão, e
eleito, no dia seguinte, o maior craque do planeta. Faz tanto tempo que
talvez você nem se lembre que Kaká
ainda é o melhor do mundo.
Era fevereiro deste ano, quando
nasceu a pergunta que circula até
hoje. Quem joga mais? Cristiano Ronaldo ou Messi? A questão já trazia
embutida a disputa pelo título de
"melhor jogador do mundo". Apenas dois meses após a eleição de Kaká, já não se incluía o nome do meia
brasileiro na disputa.
O ponto não é se Kaká estava jogando mais do que o português e o
argentino. Não estava. O ponto é que
ele já convivia com uma lesão de joelho, que o atormentou até a cirurgia
de maio, que o tirou das partidas
contra Argentina e Paraguai, em junho, e impediu que disputasse jogos
tão memoráveis em 2008, como os
que realizou em 2007.
Dezembro vem aí para eleger
Cristiano Ronaldo, ou Messi, como
o melhor do mundo. E seu mandato
durará quanto tempo?
A rapidez da informação, a facilidade para ver o craque no jogo bom e
também no ruim, tudo isso consagra, mas também enterra.
Quando Maradona era o melhor
do mundo, nos anos 80, não adiantou a revista "France Football" entregar a Ruud Gullit o prêmio de melhor do ano, como fez em 1988. Não
bastava apontar o dedo. O melhor
era Maradona.
Era o melhor, antes de tudo, porque era. Em segundo lugar, porque,
como um deus, Maradona não era
visto. A cada domingo, a TV italiana
transmitia um mísero jogo. Se Maradona o decidisse, como fazia com
freqüência, era mesmo o melhor. Se
jogasse mal uma vez, estava perdoado por sua única falha. Se jogou mal
duas vezes consecutivas, poucos sabem, porque poucos viram os dois
jogos seguidos.
"O prêmio da Fifa é demais! É um
privilégio, mas passa. Em 2007, o
Milan fez uma grande temporada, e
consegui ser protagonista de um time campeão. Por isso, recebi os prêmios individuais. Em 2008, o time
não foi tão bem e procurou-se quem
estava em momento melhor, como o
Cristiano Ronaldo. Isso não me incomoda e funciona como um desafio", diz Kaká.
Em forma e com boas atuações no
início da atual temporada, no Milan,
Kaká ainda tem o resto do ano para
tentar se incluir na pergunta. Quem
é o melhor do mundo? Cristiano Ronaldo, Messi ou Kaká?
O brasileiro tem o ônus de se apresentar, hoje, numa seleção que ainda
não funciona como time. Se for protagonista, terá sido por fazer a equipe girar em torno de si, em vez de ser
a engrenagem mais sólida de uma
máquina em pleno funcionamento
como, diz ele, ocorria no Milan-07.
Em comparação com Messi e
Cristiano Ronaldo, Kaká é mais cerebral, mais armador. Como você
não viu isso em 2008, ou Cristiano
Ronaldo ou Messi estará melhor do
mundo em 2009. Mas não esqueça:
o melhor do mundo joga hoje, com a
camisa da seleção brasileira.
pvc@uol.com.br
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