São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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PAULO VINICIUS COELHO

O melhor do mundo


Apenas dois meses depois da eleição de Kaká, em 2007, já não se incluía o nome do craque brasileiro na disputa

KAKÁ, O MELHOR jogador do mundo, nunca atuou pela seleção brasileira. Não, desde que foi escolhido, vestiu o manto e sentou-se no trono, em dezembro do ano passado. A última partida de Kaká com a camisa do Brasil aconteceu em novembro de 2007, contra o Uruguai. Em dezembro, ele foi campeão mundial de clubes, no Japão, e eleito, no dia seguinte, o maior craque do planeta. Faz tanto tempo que talvez você nem se lembre que Kaká ainda é o melhor do mundo.
Era fevereiro deste ano, quando nasceu a pergunta que circula até hoje. Quem joga mais? Cristiano Ronaldo ou Messi? A questão já trazia embutida a disputa pelo título de "melhor jogador do mundo". Apenas dois meses após a eleição de Kaká, já não se incluía o nome do meia brasileiro na disputa.
O ponto não é se Kaká estava jogando mais do que o português e o argentino. Não estava. O ponto é que ele já convivia com uma lesão de joelho, que o atormentou até a cirurgia de maio, que o tirou das partidas contra Argentina e Paraguai, em junho, e impediu que disputasse jogos tão memoráveis em 2008, como os que realizou em 2007.
Dezembro vem aí para eleger Cristiano Ronaldo, ou Messi, como o melhor do mundo. E seu mandato durará quanto tempo?
A rapidez da informação, a facilidade para ver o craque no jogo bom e também no ruim, tudo isso consagra, mas também enterra. Quando Maradona era o melhor do mundo, nos anos 80, não adiantou a revista "France Football" entregar a Ruud Gullit o prêmio de melhor do ano, como fez em 1988. Não bastava apontar o dedo. O melhor era Maradona.
Era o melhor, antes de tudo, porque era. Em segundo lugar, porque, como um deus, Maradona não era visto. A cada domingo, a TV italiana transmitia um mísero jogo. Se Maradona o decidisse, como fazia com freqüência, era mesmo o melhor. Se jogasse mal uma vez, estava perdoado por sua única falha. Se jogou mal duas vezes consecutivas, poucos sabem, porque poucos viram os dois jogos seguidos.
"O prêmio da Fifa é demais! É um privilégio, mas passa. Em 2007, o Milan fez uma grande temporada, e consegui ser protagonista de um time campeão. Por isso, recebi os prêmios individuais. Em 2008, o time não foi tão bem e procurou-se quem estava em momento melhor, como o Cristiano Ronaldo. Isso não me incomoda e funciona como um desafio", diz Kaká.
Em forma e com boas atuações no início da atual temporada, no Milan, Kaká ainda tem o resto do ano para tentar se incluir na pergunta. Quem é o melhor do mundo? Cristiano Ronaldo, Messi ou Kaká?
O brasileiro tem o ônus de se apresentar, hoje, numa seleção que ainda não funciona como time. Se for protagonista, terá sido por fazer a equipe girar em torno de si, em vez de ser a engrenagem mais sólida de uma máquina em pleno funcionamento como, diz ele, ocorria no Milan-07.
Em comparação com Messi e Cristiano Ronaldo, Kaká é mais cerebral, mais armador. Como você não viu isso em 2008, ou Cristiano Ronaldo ou Messi estará melhor do mundo em 2009. Mas não esqueça: o melhor do mundo joga hoje, com a camisa da seleção brasileira.

pvc@uol.com.br


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