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HIPISMO
Rodrigo Pessoa não nasceu, não mora e pouco visita o país pelo qual disputa as competições internacionais
Campeão mundial mal conhece o Brasil
da Reportagem Local
O brasileiro Rodrigo Pessoa, novo campeão do mundo de hipismo, desconhece o Brasil.
Ele não nasceu no país, mas em
Paris, França, quando seu pai, Nelson Pessoa, estava disputando
uma temporada européia.
Acabou optando pela nacionalidade brasileira porque, competindo pelo Brasil, teria maiores chances de integrar uma equipe nacional nos Jogos Olímpicos.
Agora, Rodrigo mora em Bruxelas, Bélgica. Ao lado do pai, dirige
uma equipe de hipismo, a escuderia Pessoa.
"Tudo o que sei aprendi com
meu pai", afirmou ontem Rodrigo,
após a vitória. "Como ele nunca
ganhou uma medalha de ouro nos
Campeonatos Mundiais, essa medalha é para nós dois", disse.
Rodrigo aprendeu a falar português fluentemente apenas adulto.
Foi a mudança para a Bélgica do
cavaleiro paulista Álvaro de Miranda Netto, o Doda, que também
conquistou o bronze em Atlanta-96, que ajudou o novo campeão
mundial a desenvolver o idioma.
Antes, Rodrigo falava a língua
com muitos erros e com sotaque
francês.
"Aprendi português em casa;
francês e inglês, na rua. Depois que
comecei a competir, aprendi ainda
espanhol, italiano e alemão", diz o
cavaleiro brasileiro.
Rodrigo também vem pouco ao
país, preferindo disputar as competições da temporada européia.
"Só vou ao Brasil quando tenho
um período grande de férias. Descanso na Sardenha ou em Portugal", afirma o cavaleiro.
Nesse ano, o novo campeão
mundial esteve no Brasil em agosto, disputando o Grande Prêmio
Cidade do Rio de Janeiro, principal
prova do hipismo nacional.
Em abril, fora a Porto Alegre para
competir no Concurso de Saltos de
local, torneio no qual ficou com a
13ª posição.
"Não fico muito a par dos assuntos do país porque, quando estou
no Brasil, gasto todo o tempo visitando meus familiares."
Apesar de ignorar os acontecimentos do país, ele demonstra algum conhecimento. "Pouco a pouco, as coisas vão melhorando. Mas
falta disciplina. As cidades são
muito sujas e há muito assaltos."
Segundo Rodrigo, para se desenvolverem, os cavaleiros brasileiros
devem se mudar para a Europa.
"Dá para contar nos dedos de
uma mão os brasileiros que podem
chegar longe no esporte. Há gente
boa no Brasil que já deveria ter se
mudado para a Europa", diz.
Rodrigo diz que não pensa em viver algum dia no Brasil. "Minha
carreira está na Europa e, quando
ela terminar, vou virar treinador
por aqui (na Europa) ", afirma.
Além do maior nível técnico das
competições locais, Rodrigo vê outra vantagem em ter nascido e em
morar na Europa.
Segundo ele, é seu lado europeu
que lhe dá equilíbrio suficiente para disputar bem as provas de hipismo. "A disciplina é o eixo do bom
cavaleiro", afirma Pessoa.
²
Subida
A pouca idade (25 anos) pode
ajudar Rodrigo a conquistar outros títulos mundiais -e até uma
medalha de ouro olímpica.
"Ele tem mais futuro, porque o
esporte evolui, e eu não tive um
"manager', como ele tem", afirma
seu pai.
Rodrigo vem melhorando significativamente seus resultados nos
últimos anos.
Na Copa do Mundo, passou de
um quarto lugar em 96 para a primeira posição no torneio deste
ano. Já no Mundial, a subida foi
ainda maior: da oitava para a primeiro posição.
Nas duas Olimpíadas (92 e 96)
que disputou, teve desempenho
igual: foi o nono colocado.
²
Com agências internacionais
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