São Paulo, Sexta-feira, 12 de Novembro de 1999
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FUTEBOL
São Paulo entra com medida cautelar para anular punição do caso Hiroshi e pode emperrar torneio
Brasileiro vai à Justiça dos homens

ALEXANDRE GIMENEZ
da Reportagem Local

O torcedor precisa tomar conhecimento com urgência de vários termos jurídicos -como ""antecipação de cautela" e ""agravo de instrumento"- para acompanhar o restante do Brasileiro. O São Paulo protocolou ontem uma ação na 9º Vara da Justiça Federal de São Paulo pedindo de volta os pontos tirados da equipe, por decisão do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), e dados para o Botafogo-RJ.
A corte esportiva entendeu que o São Paulo escalou Sandro Hiroshi irregularmente -o passe do atacante estaria bloqueado pelo Departamento de Registro e Transferência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A Justiça Federal irá decidir hoje se acata o pedido do São Paulo -juridicamente chamado de antecipação de cautela. Se a decisão for positiva, a equipe recupera imediatamente os pontos.
Neste caso, a continuidade do Campeonato Brasileiro está ameaçada, já que os confrontos das quartas-de-final e da seletiva da Libertadores serão alterados.
Com a pontuação de volta, o São Paulo passaria a somar 37 pontos -ocupando a terceira colocação da fase de classificação. Assim, o time enfrentaria nas quartas-de-final o Vitória, atual rival do Vasco. Já a equipe carioca passaria a enfrentar a Ponte Preta, adversário do time são-paulino. Todos os jogos estão marcados para o domingo, às 18h30.
Para o São Paulo, a grande vantagem de retomar os pontos é poder jogar por três empates nas quartas-de-final, além de atuar por duas vezes em casa.
Na outra ponta da tabela, o grande prejudicado será o Botafogo-RJ, que sem os pontos do confronto com o São Paulo estaria rebaixado para a segunda divisão e fora da seletiva da Libertadores.
O Gama, atualmente rebaixado, tomaria o lugar do time carioca na primeira divisão e no torneio classificatório para a Libertadores, que tem início amanhã.
Para tentar garantir a continuidade do Campeonato Brasileiro, a CBF pode entrar com um ""agravo de instrumento", obrigatoriamente na 9º Vara da Justiça Federal paulista. Se o recurso for aceito, sua validade é imediata, garantindo a realização da rodada do final de semana com os confrontos determinados pela entidade.
Normalmente, as varas de Justiça funcionam de segunda-feira a sexta-feira, mas em caso de urgência um desembargador pode ser acionado num sábado.
Segundo o advogado Marcílio Krieger, contratado pelo São Paulo e pela FPF (Federação Paulista de Futebol) para comandar o processo na Justiça comum, a ação é assinada pelo Sindbol (Sindicato das Associações de Futebol Profissional do Estado de São Paulo), entidade que reúne 88 agremiações paulistas.
""O sindicato tem mais força, pois representa 88 clubes no Estado. Espero ter êxito na ação", afirmou ontem José Augusto Bastos Neto, presidente do São Paulo, durante uma reunião na FPF, com dirigentes de outros clubes.
""É uma atitude correta, mas não é simpática", disse Eduardo José Farah, presidente da FPF, em entrevista à rádio Globo.
Como a ação é encabeçada pelo Sindbol, o São Paulo corre um menor risco de sofrer represálias. A Fifa (entidade que comanda o futebol) não recomenda que seus filiados busquem a Justiça comum para resolver pendências esportivas. Porém o estatuto da Fifa abre brechas para que essas ações tenham validade.
Além da ação na Justiça comum, na próxima semana o São Paulo deverá recorrer ao TJD da decisão que deu para o Inter os pontos da partida entre os clubes. A equipe gaúcha usou os mesmos argumentos que o Botafogo-RJ.
Até agora, o processo foi julgado somente pela Comissão Disciplinar do TJD, que deu a vitória para o Internacional. Se o TJD mantiver a decisão da Comissão Disciplinar, o São Paulo também deve entrar na Justiça comum.
Mesmo com todos os problemas envolvendo o Campeonato Brasileiro, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, decidiu viajar à Europa acompanhar o amistoso entre seleção brasileira e Espanha.


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