São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2000

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CPIs podem ter caminho único em investigação

DO ENVIADO A BRASÍLIA

As duas CPIs instaladas no Congresso para investigar o futebol brasileiro têm seguido caminhos distintos, mas já se articulam para trocar informações diante das dificuldades surgidas na última semana.
Na Câmara, a CPI da CBF/Nike busca se concentrar no contrato de patrocínio firmado entre a entidade e a multinacional de materiais esportivos.
Foi por conta de uma reportagem da Folha, publicada no ano passado, que o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) recolheu assinaturas para a abertura da CPI na Câmara.
A reportagem revelava que a Nike, entre outras coisas, tem o poder de marcar jogos da seleção brasileira.
A CPI da CBF/Nike já quebrou o sigilo bancário e fiscal do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, do empresário J. Hawilla, da agência de marketing Traffic, que intermediou as negociações entre a multinacional e a entidade.
O sigilo da agência e da confederação também foram quebrados. Na Câmara dos Deputados, já foram realizadas duas sessões de depoimentos (leia texto nesta página).
Mas os deputados começam a abrir novas frentes de investigação, que incluem as federações estaduais e a ida de adolescentes brasileiros para a Europa, onde tentam jogar em times de futebol.
Um dos motivos da investida é a dificuldade de encontrar e apontar suspeitas de irregularidades no contrato entre a Nike a CBF.
No Senado, o foco das investigações tem sido os negócios de empresários e de clubes.
A CPI do Futebol foi instalada após uma série de denúncias contra os clubes.
Já foram quebrados sigilos de 20 empresários (leia texto nesta página). Três depoimentos tomados, entre eles o do ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, e o da ex-assessora do técnico Wanderley Luxemburgo, Renata Alves.
Ornélas apresentou um estudo segundo o qual os clubes de futebol do Brasil devem R$ 218 milhões à Previdência.
Renata disse que Luxemburgo mantinha negócios com empresários.
Além dos empresários, foi quebrado no Senado o sigilo bancário e fiscal de Luxemburgo, que deverá prestar depoimento na próxima semana.
Depois de amanhã, integrantes das duas comissões pretendem se reunir para trocar informações sobre o que já foi investigado. Uma grande investida contra as comissões vem sendo estudada pela CBF e pelos clubes, que podem recorrer ao STF (Superior Tribunal Federal). (JAB)

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