São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2000

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Pesquisa mostra números do doping em academias paulistas

DA REPORTAGEM LOCAL

A busca pelo corpo ideal de forma indiscriminada ganhou números em São Paulo. Pesquisa inédita realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com praticantes de musculação das nove principais academias de São Paulo mostrou que 26% deles consomem drogas e/ou suplementos alimentares esperando aumentar massa muscular, força, além de melhorar o desempenho.
O número é preocupante, mas não chega a causar surpresa. As principais academias vêm adotando, já há algum tempo, medidas preventivas contra o uso de anabolizantes (veja texto nesta abaixo). "Esse número é subestimado porque muitos usuários não revelam que utilizam drogas", afirmou o ortopedista do Centro de Traumatortopedia do Esporte da Unifesp Fábio Augusto Caporrino, autor da pesquisa.
O que assusta mesmo é que, das 247 pessoas entrevistadas no estudo -183 homens e 64 mulheres-, apenas 6,1% disseram que usam as substâncias com prescrição médica.
Segundo Caporrino, apenas 23,2% dos pesquisados que ingerem suplementos alimentares o faziam com orientação nutricional. As principais drogas utilizadas pelos atletas são os esteróides anabólicos (13,7%), o hormônio do crescimento e a insulina (1,6%).
A creatina -suplemento alimentar composto por aminoácidos e que proporciona aumento de massa muscular- é consumida por 22,7% dos usuários.
Dos atletas de competição (7,3% do total de pesquisados), 97% disseram que consumiram esteróides e/ou hormônio do crescimento.
"Boa parte dessas substâncias são compradas no mercado negro, o que pode ser mais arriscado, já que não existe controle do produto. Muitas vezes, essas drogas são impuras e causam mais efeitos colaterais", disse o ortopedista da Unifesp.
"Além de tomar sem prescrição, as doses ingeridas vão muito além das terapêuticas."
O professor de educação física Carlos Alberto Anaruma, do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual Paulista), realizou uma pesquisa em que buscou traçar o perfil psicológico dos consumidores de esteróides anabolizantes.
"Os usuários enfrentam problemas de auto-estima."
Segundo Anaruma, para alcançar seus objetivos mais rapidamente, os praticantes utilizam as drogas pensando apenas nos ganhos musculares, sem conhecerem seus efeitos colaterais.
O uso dessas substâncias pode causar, de acordo com o ortopedista Fábio Augusto Caporrino, problemas cardiovasculares, tumores no fígado e nos rins, além de infecções na pele e ruptura de músculos e tendões.
"Entre eles (os praticantes) é forte a crença de que os esteróides anabolizantes só agridem o organismo quando consumidos em altas doses, o que não é verdade", disse Anaruma, que revelou que as drogas mais consumidas são Decadurabolim, Hemogenim, Primobolam e Winstrol. "Os anabolizantes são drogas não controladas pelo Ministério da Saúde e deveriam ser tratados como problema de saúde pública", completou. (EDUARDO ARRUDA) E-mail: mais.esporte@uol.com.br


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