São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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Felipe defende primeiro pênalti

Goleiro muda postura, fica em silêncio na maior parte da partida e sai de Goiânia ainda mais herói

"Já vim de casa sabendo que, se tivesse um pênalti, pularia para o meu lado esquerdo. O Paulo Baier sempre bate lá", disse

DOS ENVIADOS A GOIÂNIA

Felipe havia acabado de fazer a defesa mais importante de sua vida, ao agarrar pela primeira vez um pênalti. Defesa que manteve o Corinthians à frente do Goiás e mais perto de escapar do rebaixamento.
Mas não sossegou. Os momentos seguintes foram de mais agonia. Após ser abraçado pelos companheiros, ovacionado pela torcida e fazer o presidente do clube, Andrés Sanches, chorar na tribuna do estádio Serra Dourada, Felipe tratou de se preocupar com os 14 minutos que ainda restavam.
Depois do lance, o camisa 1 corintiano ajoelhou por alguns instantes ao lado do terço estrategicamente colocado na linha do gol e começou a rezar para que a partida acabasse.
A todo instante perguntava aos repórteres postados atrás de seu gol quanto tempo faltava para terminar o jogo. Estava muito tenso e, diferentemente de outros jogos, quando costuma gritar sem parar com os companheiros, ontem foi acometido por um estranho silêncio na maior parte do jogo.
Quando Iran cometeu o pênalti, foi falar com o colega. "Pedi a ele que levantasse a cabeça", disse. Semanas atrás, após o lateral ter falhado na derrota para o Flamengo, Felipe teve uma áspera discussão com o companheiro.
Depois de falar calmamente com Iran, foi até o volante Carlão. "Disse a ele que pularia no lado esquerdo e que ele precisaria estar lá para pegar o rebote", revelou. Felipe estava certo.
"Tinha convicção de que iria pegar o pênalti. Passou na minha cabeça que naquele momento mais do que nunca a equipe iria precisar de mim", afirmou o herói corintiano.
"Já vim de casa sabendo que, se tivesse um pênalti, pularia do meu lado esquerdo. O Paulo Baier sempre bate lá", disse.
"Sei que bati bem, só que o Felipe acertou o canto e fez uma grande defesa", explicou Baier, o "vilão goiano".
Já o "quase vilão" corintiano, Iran, agradeceu a Felipe, após ter acertado um chute na cara de Harison. "Estou chateado por ter cometido o pênalti. Visei a bola, não tive a intenção de machucá-lo. Acho que o árbitro poderia ter dado falta em dois lances, mas o Felipe nos salvou e isso é o que importa agora", falou o ala corintiano.
Ao final do jogo, Felipe foi comemorar com a torcida. Enquanto isso, e ainda emocionado, Andrés descia para os vestiários. "Vai ser assim, sofrido, até o final. Não tem jeito", disse.
Ao saber que arrancara lágrimas do presidente, Felipe brincou: "Então a gente precisa conversar pra ver se ele aumenta uma coisinha para mim", declarou, referindo-se ao aumento salarial, que ele vai receber após o Brasileiro.
"Ajudei hoje o Corinthians a ficar mais longe do rebaixamento, e espero que minha maior defesa ainda esteja por vir. Não acabou, temos mais dois jogos pela frente." (EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)

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