São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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JUCA KFOURI

Como sofre um corintiano...


As novas gerações corintianas não imaginam como sofrem os alvinegros com mais de 50. Que carma!

O CORINTHIANS esteve praticamente rebaixado ontem no Serra Dourada.
Entre o gol goiano de Paulo Baier e o corintiano de Fábio Ferreira passaram-se oito minutos de puro desespero, sofrimento sem igual.
Porque se o Corinthians havia começado a partida com ares de poderoso, o Goiás tomou conta e só passou apuros duas vezes, até abrir o placar, aos 28.
Para sorte alvinegra, os esmeraldinos trataram de tentar acalmar as coisas, de esfriar o drama. E até pareceu que se dariam bem, porque o Corinthians sucumbiu.
Mas num lance de escanteio, Harlei falhou (depois se recuperaria com uma ótima defesa em chute de Dentinho, no segundo tempo) e permitiu o empate que, enfim, ao menos mantém o Corinthians fora da zona do rebaixamento e na dependência só de si diante do Vasco, em casa, e do Grêmio, fora.
Para os corintianos que testemunharam 22 anos de jejum de títulos, a atual provação parece um castigo divino, do tal deus dos estádios.
Porque a geração pós-1977 se acostumou a vencer, como nenhum corintiano cinqüentão jamais experimentara.
Os que viveram o período de seca sempre acham que o time vai perder, exceção feita, talvez e olhe lá, aos tempos de Sócrates ou ao período do fim do século passado, que culminou com o bicampeonato brasileiro e o título mundial da Fifa.
Mas, por pessimista que seja este corintiano, nem em seus piores pesadelos ele imaginaria a situação de desespero que vive hoje, obrigado a torcer pelo Botafogo contra o Paraná Clube e a roer todas as unhas, as do pé, inclusive, num jogo como o de Goiânia, de pura agonia.
Jogo que se desenhou corintiano no segundo tempo, tantas as chegadas perigosas nos primeiros dez minutos, todas desperdiçadas. Mas o que dizer do pênalti de Iran, aos 31, uma bicicleta no corpo do adversário, mais bizarro que o cometido por Aílton, que valeu a derrota para o Náutico?
Saiba que houve devoto de São Jorge que pensou em suicídio.
Menos mal que Felipe não só não pensou em gesto tão extremo como, ainda por cima, anunciou: "Vou pegar!". E pegou!!! Ele pegou!!! Aí, ficou difícil para o suicida, arrependido, e agradecido, segurar o coração que queria sair pela boca.
Resta, agora, respirar, por duas semanas, já que a partida com o Vasco será só no dia 25. E rezar.
Rezar para que Nelsinho Baptista desista de confiar em Gustavo Nery (que sempre treme na hora agá) e em Iran, que nem cacoete de jogador profissional tem.
De resto, resta esconjurar todos os que são responsáveis por situação tão humilhante, os que trouxeram a MSI e que ainda antes dela só fizeram sangrar o glorioso Timão.
Porque se torcer pelo Timão é muito mais do que ser campeão, nada justifica a tortura de agora, apenas para não cair de divisão.
De fato, ninguém merece.
E a via crucis tem tudo para continuar até a última rodada, oxalá, com final feliz.
Sim, feliz, não adianta disfarçar.
Não cair será uma alegria.
Que situação.
PS: desculpem, santistas e são-paulinos, mas é que há domingos...

blogdojuca@uol.com.br

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