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Judô luta Mundial que não é Mundial
Seleção brasileira embarca hoje para "competição promocional" na China
Cúpula da modalidade no Brasil revela desconhecer status de torneio de equipes que acontece domingo no ginásio da Olimpíada-2008
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A seleção brasileira masculina de judô embarca hoje para a
China, onde lutará no domingo
um torneio anunciado como
"Campeonato Mundial de
Equipes" que não é o verdadeiro Mundial. E nem os principais dirigentes brasileiros sabem qual o real status da competição, marcada para o ginásio
onde acontecerá a disputa dos
Jogos Olímpicos de Pequim.
O primeiro dirigente consultado foi Ney Wilson, coordenador técnico internacional da
CBJ (Confederação Brasileira
de Judô). Indagado se o evento
chinês -anunciado como
"World Team Championships"- é o mesmo Mundial de
Equipes disputado em Paris no
ano passado, ele respondeu:
"Sinceramente, essa é uma dúvida que também temos".
Já Paulo Wanderley Teixeira, presidente da entidade, não
titubeou: "Não tem a quantidade de países de outras edições,
mas é um torneio com os campeões continentais. É Campeonato Mundial mesmo".
Segundo o diretor de esporte
da FIJ (Federação Internacional de Judô), não é assim.
"Essa competição é um campeonato por equipes promocional, organizada a nível mundial,
e não tem o mesmo status do
Campeonato Mundial da FIJ
por Equipes de Nações", explicou o francês François Besson,
em e-mail à Folha.
O dirigente da FIJ pontuou
as principais diferenças: o último evento acontece em intervalos de quatro anos e tem
mais equipes que as participantes do torneio na China.
Em Pequim, lutarão oito seleções. No Mundial de Equipes
de Paris, vencido pela Geórgia
no ano passado, a chave masculina tinha 17 times.
Outro fator que pesa contra
alçar o evento chinês à condição de Mundial é o fato de ele
não ter sido mencionado no
congresso da FIJ, realizado no
Rio de Janeiro em setembro,
antes do Mundial individual.
No encontro, foi batido o
martelo para as sedes dos Campeonatos Mundiais até 2011
-em 2009 será em Roterdã
(Holanda), em 2010, (por equipes) no Japão e, em 2011, na capital francesa.
Mesmo desconhecendo a
condição de competição promocional da disputa em Pequim, os brasileiros não têm
grande pretensão em relação
ao desempenho.
"O grande objetivo é conhecer o local da Olimpíada, vivenciar o clima dos Jogos. Não há
grandes metas em termos de
resultados", diz Wilson.
Nessa filosofia, foram chamados alguns judocas que não
participaram nem dos Jogos
Pan-Americanos nem do Mundial. É o caso do ligeiro Charles
Chibana, 18, que atende à sua
primeira convocação para a seleção adulta. "Não esperava e
estou muito feliz com essa
oportunidade", afirmou o judoca do Pinheiros.
Além de testar novos atletas,
a seleção brasileira perdeu judocas por contusões.
Na última sexta-feira, o bicampeão mundial do meio-leve, João Derly, foi cortado do
time por causa de uma tendinite no ombro esquerdo.
Antes, o leve Leandro Guilheiro (medalhista de bronze
em Atenas-2004) já tivera sua
presença na viagem a Pequim
desaconselhada pelo departamento médico. Ele faz tratamento de lesão nas costas, sofrida na semifinal do Pan e que
o prejudicou também no Mundial, e só deve retornar aos tatames em 2008.
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