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Ingleses atacam "elefante branco"
No Rio, especialistas previnem brasileiros sobre perigos relativos ao legado de Copa-14 e Jogos-16
Estádio Olímpico de Londres, cuja capacidade diminuirá de 80 mil para 25 mil lugares após os Jogos, é citado como bom exemplo
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Especialistas britânicos em
construção de instalações esportivas, reunidos no Rio para
um seminário, alertaram que o
Brasil deve tomar cuidado para
não deixar como legado da Copa-14 e da eventual Olimpíada-16 novos "elefantes brancos".
Planejamento, dimensão real
do tamanho e flexibilidade das
instalações são pontos citados
por vários engenheiros e arquitetos que trabalharam em
grandes eventos esportivos.
Jon Coxeter-Smith, da Davis
Langdon, defende o efeito duradouro dos Jogos e das instalações. "O legado não começa
depois, mas antes do evento.
Planejamento é fundamental."
Para evitar o legado inútil,
sugerem usar tecnologias
atuais, que permitem a flexibilidade de instalações. O Estádio
Olímpico de Londres-2012 é o
mais bem acabado exemplo.
Durante os Jogos, terá 80 mil
lugares; ao fim do evento, ficará
somente com sua estrutura
real, de 25 mil assentos.
"Nossa meta era "reutilize,
realoque e recicle". O mote é
"não aos elefantes brancos'",
explicou à Folha o engenheiro-chefe da construção do estádio,
Fergus McComirck, da Buro
Happold. A estrutura de aço
com 55 mil lugares, disse, ainda
não tem destino certo, mas deve ir para algum clube.
"Fazer é relativamente fácil,
o legado é o verdadeiro desafio", disse J. Parrish, diretor de
arquitetura da Arup Sport, empresa que fez o Ninho de Pássaro para a Olimpíada de Pequim
e a Arena Allianz, em Munique,
para a Copa de 2006.
Por desconhecimento ou diplomacia, os especialistas evitaram criticar equipamentos
do Pan do Rio hoje pouco usados. Preferiram atacar a Praça
Olímpica de Pequim, considerada por Parrish "fora de escala, um desperdício de espaço".
Outra medida para o legado
não virar dor de cabeça é pensar as instalações desportivas
como multiuso, com viabilidade para uma programação diária, em vez de depender de
eventos esporádicos.
Uma saída para isso é a exploração comercial do equipamento, com a construção de
ambientes de entretenimento,
restaurantes, bares e lojas.
"Faça o estádio ser usado todo dia", disse Manuel Nogueira, da AND, empresa que administra o estádio do Charlton
Athletic FC, em Londres, no
qual há faculdade, academia de
ginástica, restaurante, café e é
alugado até para casamentos.
Um exemplo positivo citado
o Nou Camp, estádio do Barcelona, que recebe cerca de 4 milhões de visitantes por ano. O
Maracanã, segunda atração turística do Rio em visitações, recebe 150 mil turistas por ano.
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