São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Ingleses atacam "elefante branco"

No Rio, especialistas previnem brasileiros sobre perigos relativos ao legado de Copa-14 e Jogos-16

Estádio Olímpico de Londres, cuja capacidade diminuirá de 80 mil para 25 mil lugares após os Jogos, é citado como bom exemplo


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Especialistas britânicos em construção de instalações esportivas, reunidos no Rio para um seminário, alertaram que o Brasil deve tomar cuidado para não deixar como legado da Copa-14 e da eventual Olimpíada-16 novos "elefantes brancos".
Planejamento, dimensão real do tamanho e flexibilidade das instalações são pontos citados por vários engenheiros e arquitetos que trabalharam em grandes eventos esportivos.
Jon Coxeter-Smith, da Davis Langdon, defende o efeito duradouro dos Jogos e das instalações. "O legado não começa depois, mas antes do evento. Planejamento é fundamental."
Para evitar o legado inútil, sugerem usar tecnologias atuais, que permitem a flexibilidade de instalações. O Estádio Olímpico de Londres-2012 é o mais bem acabado exemplo. Durante os Jogos, terá 80 mil lugares; ao fim do evento, ficará somente com sua estrutura real, de 25 mil assentos.
"Nossa meta era "reutilize, realoque e recicle". O mote é "não aos elefantes brancos'", explicou à Folha o engenheiro-chefe da construção do estádio, Fergus McComirck, da Buro Happold. A estrutura de aço com 55 mil lugares, disse, ainda não tem destino certo, mas deve ir para algum clube.
"Fazer é relativamente fácil, o legado é o verdadeiro desafio", disse J. Parrish, diretor de arquitetura da Arup Sport, empresa que fez o Ninho de Pássaro para a Olimpíada de Pequim e a Arena Allianz, em Munique, para a Copa de 2006.
Por desconhecimento ou diplomacia, os especialistas evitaram criticar equipamentos do Pan do Rio hoje pouco usados. Preferiram atacar a Praça Olímpica de Pequim, considerada por Parrish "fora de escala, um desperdício de espaço".
Outra medida para o legado não virar dor de cabeça é pensar as instalações desportivas como multiuso, com viabilidade para uma programação diária, em vez de depender de eventos esporádicos.
Uma saída para isso é a exploração comercial do equipamento, com a construção de ambientes de entretenimento, restaurantes, bares e lojas.
"Faça o estádio ser usado todo dia", disse Manuel Nogueira, da AND, empresa que administra o estádio do Charlton Athletic FC, em Londres, no qual há faculdade, academia de ginástica, restaurante, café e é alugado até para casamentos.
Um exemplo positivo citado o Nou Camp, estádio do Barcelona, que recebe cerca de 4 milhões de visitantes por ano. O Maracanã, segunda atração turística do Rio em visitações, recebe 150 mil turistas por ano.


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