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AUTOMOBILISMO
TV digital vai lançar canal exclusivamente dedicado à intimidade dos 22 pilotos da categoria
F-1 ganha "coluna social" no ano 2000
da Reportagem Local
Depois de invadir a intimidade
dos carros de F-1, a TV digital se
prepara para escancarar a vida
dos pilotos a partir do ano 2000.
No pacote oferecido na Europa
aos assinantes da FOA TV para o
próximo Mundial estará incluído
um canal exclusivamente dedicado a mostrar o dia-a-dia dos 22
homens que fazem a categoria.
Quem sintonizar o canal poderá, por exemplo, se deparar com o
brasileiro Ricardo Zonta fazendo
ginástica em uma academia. Com
o austríaco Alexander Wurz pedalando sua mountain bike. Ou o
campeão mundial Mika Hakkinen preparando um Kalakukko,
prato típico finlandês, que mistura peixe e carne de porco.
O objetivo dos executivos da categoria é criar uma espécie de coluna social televisiva e ininterrupta. E, claro, ganhar audiência e aumentar a receita publicitária com
a curiosidade -e o frisson- que
os pilotos despertam há décadas.
Além disso, o canal ainda executará uma função prática, ajudando a viabilizar a implantação
da TV digital: preencherá a grade
de programação, até agora deficiente e quase restrita às atividades dos fins-de-semana de GPs.
Todos os pilotos já foram notificados sobre a implantação do canal, por meio de um fax enviado a
seus empresários em meados de
outubro. A carta é clara: os 22 estão convocados a colaborar,
abrindo as portas de suas casas.
A idéia de apresentar visões diferentes da F-1 é um dos pilares da
FOA TV. Desde que foi lançada, a
emissora do empresário inglês
Bernie Ecclestone, homem forte
da categoria, tenta atrair clientela
e grandes anunciantes explorando justamente esse filão.
Neste ano, por exemplo, durante o GP de San Marino, em Imola,
na Itália, uma minicâmera foi instalada em um dos braços da suspensão da Ferrari de Michael
Schumacher. Um ângulo inusitado, para mostrar a operação do
equipamento e levar ao delírio os
mais fanáticos fãs da F-1.
Outra estratégia utilizada pela
FOA TV foi empobrecer as transmissões da TV aberta, para que os
fãs dos países onde ela já opera
passassem a assinar seus serviços.
A queda de qualidade na transmissão foi perceptível ao longo do
Mundial em todos os países onde
a TV digital não está implantada
-caso do Brasil. Em vez do antigo "show de imagens" propalado
pelos narradores, com seis mini-câmeras instaladas nos carros,
apenas uma. Ângulos convencionais e tomadas gerais dos circuitos tornaram-se mais comuns do
que as cenas dos boxes, mostrando o trabalho das equipes.
A medida foi duramente criticada na Inglaterra, país que realizou
a primeira corrida de F-1, há 50
anos, mas que ainda não conta
com a FOA TV.
Bolsa
A receita que a FOA (Formula
One Administration, empresa
que comanda comercialmente a
categoria) vem obtendo com sua
TV está sendo usada para formar
um lastro que viabilize a entrada
da F-1 nas Bolsas de Valores.
Há anos, Ecclestone vem tentando lançar as ações da categoria
no mercado. Enfrentou duas
grandes dificuldades. Primeiro, a
desconfiança de Karel van Miert,
executivo belga, diretor de competitividade da União Européia.
Depois, a própria demora para
que a FOA TV decolasse -hoje,
só alcança relativo sucesso na Alemanha e ainda enfrenta resistências em países como a Itália.
Ao fim da temporada deste ano,
Ecclestone, enfim, cedeu.
Vendeu 12,5% da FOA para o
fundo Morgan Grenfell Private
Equity, braço do Deutsche Bank.
O banco alemão teria ainda assegurado com o empresário prioridade para comprar outros
37,5% da FOA, tornando-se proprietário de metade da categoria.
A primeira intenção do banco,
já divulgada, será avançar sobre a
Internet, um mercado ainda não
explorado pela FOA.
Se obtiver sucesso, pode relegar
a TV de Ecclestone a um segundo
plano nas prioridades da F-1. E
Hakkinen terá cada vez menos
audiência para mostrar como se
prepara um Kalakukko.
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