São Paulo, Domingo, 12 de Dezembro de 1999


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BASQUETE
Tricampeã pelo Houston Comets, a ala brasileira busca privilégios na renovação de seu contrato
Janeth quer extra para jogar na WNBA

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

A ala Janeth Arcain, 30, revelou que deseja ganhar mais para jogar na WNBA no ano que vem.
Tricampeã pelo Houston Comets, a atleta da seleção brasileira, cestinha do Mundial-98, na Alemanha, afirmou que só acertará um novo contrato caso o time concorde em lhe dar alguns privilégios concedidos às mais famosas -como Cynthia Cooper, Tina Thompson e Sheryl Swoopes.
"Quero ver alguns valores financeiros. A WNBA me paga um salário, mas eu quero que o time me pague um pouco mais", disse a atleta da Arcor/Santo André, que hoje decide o Sul-Americano de clubes contra o Paraná.
Janeth afirmou que nesta temporada recebeu um salário de US$ 60 mil para jogar três meses na versão feminina da NBA, liga profissional norte-americana.
Descontados os impostos e feita a conversão para a moeda brasileira, daria um total de R$ 82 mil.
De acordo com a jogadora, é um salário intermediário na liga -o mínimo seria de US$ 25 mil, e o máximo, de US$ 90 mil.
Mark Pray, diretor de comunicações da WNBA, informou que o salário mínimo para novatas é US$ 25 mil (US$ 30 mil para veteranas) e que não há um "máximo" preestabelecido.
Entretanto, segundo Janeth, é prática comum jogadoras de alto nível receberem "por fora" de seus times -por aparições em eventos comerciais, como clínicas, tarde de autógrafos etc.
"É fácil arranjarem isso para mim, basta ter vontade", disse Janeth, que não revelou o quanto de dinheiro "extra" deseja ganhar.
"Algumas jogadoras realmente têm contratos de "serviços pessoais" na liga, também sujeitos a impostos", disse Mark Pray.
Janeth afirmou que irá fazer a exigência, e não só essa, porque 2000 é um ano olímpico.
Seria um preço justo para se afastar, por três meses, da preparação da seleção brasileira para os Jogos de Sydney.

Titular
Uma outra exigência é a vaga de titular na equipe, que já estaria previamente combinada com o treinador dos Comets, Van Chancellor. Janeth disse que tomará a vaga da armadora Sonja Henning.
A brasileira é ala, mas devido à concorrência de Thompson e Swoopes, pouco conseguiu, nos últimos dois anos, jogar em sua posição original nos EUA.
"Neste ano, ele (Chancellor) só não me colocou como titular por superstição, porque a outra (Henning) tinha começado jogando o campeonato. Coisa dele."
Na série decisiva do campeonato deste ano, contra o New York Liberty, realmente, apesar de começar na reserva, Janeth ficou em quadra mais tempo (média de 26 minutos por partida) do que Henning (22).
A jogadora brasileira fala tudo isso sem saber se os Comets têm interesse em continuar com ela em 2000. Até quarta-feira, a equipe selecionará cinco atletas para serem "protegidas", ou seja, impedidas de ser negociadas com outros times.
O departamento de imprensa da equipe informou que o técnico Chancellor ainda não havia divulgado quais são as "protegidas".
Mas a jogadora tem certeza de que estará na lista, devido à grande importância tática que tem para a equipe. E o próprio Van Chancellor já admitiu isso.
"Janeth é a jogadora mais importante do time, não há sombra de dúvida. Ele é boa na defesa e joga em quatro posições. Tem significado muito para essa equipe", declarou o treinador.
Por isso, Janeth afirmou acreditar ter "cartas na mão" para fazer exigências.
"Para ele (Chancellor) é muito cômodo, pois jogo em todas (as posições). Mas agora quero ser titular e ganhar mais. Ou, mesmo me "protegendo", posso não ir. Ou trocar de time."
Já há propostas, disse ela, que tem uma empresária nos EUA cuidando de sua carreira, de Portland, Miami e Sacramento -os dois primeiros, times que vão estrear na liga no ano que vem.


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