São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2001

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OUTDOORS


Turbina aquática



Com mais de 30 anos de história, as embarcações pessoais, também conhecidas no mundo como jet-skis, superam os custos e as ameaças

VANER VENDRAMINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um crescimento assombroso no início da década de 90, o jet-ski mundial consegue se manter vivo depois das ameaças de ser banido de algumas praias e lagos, principalmente nos EUA.
No Brasil, país em que o jet-ski ainda é muito caro, acontece neste final de semana o 14ª Campeonato Nacional da modalidade.
A busca pela "moto aquática" teve início na década de 60, quando Laurent Beaudoin buscava criar a versão aquática do então já consagrado snowmobile Ski-Doo, um tipo de trenó motorizado que sua empresa produzia.
Na época, Beaudoin comandava a canadense Bombardier, a mesma que atualmente concorre com a Embraer no mercado de aviões regionais.
O modelo inicial nasceu da união da idéia de Beaudoin com o motor proposto pelo norte-americano Clayton Jacobsen 2º, entusiasta do motocross que desenvolveu o projeto da turbina. Na época, Jacobsen já planejava um modelo para navegação em pé.
Em 1967, a Bombardier comprou o projeto de Jacobsen e lançou o primeiro jet-ski usando um modelo modificado para um piloto sentado- nascia o See-Doo.
Porém, por problemas na conservação do produto, a produção dos See-Doos foi congelada em 1970. De novo com seu projeto debaixo do braço, Jacobsen bateu à porta da Kawasaki, e o primeiro jet-ski chegou ao mercado em 1973. O nome jet-ski é propriedade da Kawasaki, e a sigla PWC (personal watercraft) é usada para representar os dois tipos de embarcação pessoal, com o piloto sentado ou em pé.
O jet-ski da Kawasaki saiu de fábrica em sua estréia com um motor de 400 cilindradas e usando o modelo de coluna flexível como suporte para o guidão, o projeto original de Jacobsen.
O retorno do See-Doo nasceu das mãos de um ex-funcionário da Bombardier. Giles Houde, que havia trabalhado no projeto inicial, desenvolveu uma versão aprimorada, e o See-Doo voltou ao mercado em 1988.
Além de permitir mais conforto, os modelos que levavam pessoas sentadas se mostraram mais estáveis e fáceis de dirigir do que os que levavam os pilotos em pé.
Com o desenvolvimento da tecnologia envolvida na produção, o preço caiu, a qualidade melhorou e se diversificou, e a popularidade do jet-ski aumentou -mas também o número de acidentes.
Segundo informações da National Marine Manufacturers Association, associação norte-americana da indústria naval, as vendas dos jet-skis, nos EUA, passaram de 72 mil unidades, em 1990, para 200 mil em 1995, um aumento de cerca de 180%.
No mesmo período, as estatísticas da Guarda Costeira dos EUA indicaram um crescimento de quase 250% no número de acidentes envolvendo -de 1.162 para 4.028 ocorrências.
As vendas, porém, caíram pela metade nos últimos cinco anos, e o número de jet-skis vendidos nos EUA no ano passado ficou em 106 mil unidades, fechando o milênio com uma estimativa de 1 milhão de jet-skis em atividade.
O número de acidentados também caiu -em 1998, 1.743 acidentes náuticos envolveram embarcações pessoais nos EUA.
Influenciada por uma pesquisa realizada no começo do ano passado pela American Academy of Pediatrics, associação norte-americana de pediatria, a Pwia (Personal Watercraft Industry Association) passou a indicar o limite de 16 anos como idade mínima requerida para pilotar um jet-ski.
Segundo o piloto Douglas Carvalho, o principal problema de segurança no esporte é a direção não habilitada.
"O jet-ski não tem culpa de nada. Sozinho ele nem liga", declarou o piloto, depois de afirmar que a maioria dos acidentes acontece com equipamentos alugados ou com jet-skis comandados por pessoas não habilitadas.
No Brasil, apenas os maiores de 18 anos podem conseguir a habilitação para arrás amador e poder pilotar legalmente um jet-ski. Para isso, o interessado deve entrar em contato com alguma escola preparatória e se inscrever para uma prova em alguma unidade da Capitania dos Portos.
E-mail: outdoors@uol.com.br

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