São Paulo, quarta, 13 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BASQUETE
Jogador da NBA que revolucionou o esporte, dentro e fora dos ginásios, anuncia hoje a sua aposentadoria
No auge, Jordan diz adeus às quadras

da Reportagem Local

Michael Jordan, 35, superastro do basquete, anuncia hoje à tarde a sua aposentadoria.
Ícone da sociedade mais rica, garoto-propaganda da marca mais vendida, dono do maior salário, acima de tudo o melhor jogador da história da modalidade, Jordan encerra hoje uma carreira que revolucionou não só o basquete, mas também o esporte mundial.
A ponto de torná-lo uma unanimidade, como são Pelé, Muhammad Ali e todos aqueles poucos sujeitos que fizeram a diferença no esporte neste século.
A saída de Jordan foi anunciada ontem por grandes jornais dos EUA, como "The New York Times" e "USA Today". Companheiros de time do armador não estranham o adeus, uma vez que a falta de treino do jogador para esta temporada denunciava seus planos.
"Ele costuma se preparar melhor do que todos, mas, pelo que sei, estava jogando golfe e passeando nas Bahamas", disse Steve Kerr.
Hoje à tarde, às 15h (de Brasília), acontece a conferência de imprensa, em Chicago, no qual o atleta explicará os motivos da decisão.
Jordan abandona o basquete "por cima", amparado em seu sexto título da National Basketball Association -conquistado em junho, aliás, com a sua atuação mais espetacular em 13 campeonatos (um desarme e a cesta decisiva nos últimos segundos).
Deixa a liga norte-americana no momento em que esta mais precisa dele. Desprestigiada junto aos fãs por causa de um locaute (greve de patrões) de seis meses, a NBA contava com o carisma dele para resgatar a confiança dos torcedores.
Nascido no Brooklyn, Nova York, em 17 de fevereiro de 1963, Jordan iniciou a carreira nos Bulls 21 anos depois, após se destacar na Universidade de North Carolina, onde fora campeão em 1982.
Ele foi o terceiro atleta a ser selecionado no "draft" (vestibular) de 1984 da NBA, atrás dos pivôs Hakeem Olajuwon e Sam Bowie.
No Chicago Bulls, única equipe que defendeu na NBA, Jordan, ganhou fama por movimentos acrobáticos, capacidade de impulsão (foi apelidado de "Air Jordan") e liderança em quadra.
Na defesa, era mestre, exímio "ladrão" de bolas. No ataque, era quase imarcável. Quando "voava" para uma enterrada, sua marca registrada era a língua para fora.
Em 1984, em Los Angeles, e em 1992, em Barcelona, fez parte das seleções norte-americanas de basquete que conquistaram a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.
Foi escolhido pela liga, três anos atrás, como um dos 50 melhores jogadores da história da NBA.
Com 29.277 pontos -não incluídos os de playoffs e All-Star Games, que não são levados em conta nessa estatística-, Jordan é o terceiro jogador que mais marcou na NBA -atrás dos legendários Kareem Abdul-Jabbar (38.387) e Wilt Chamberlain (31.419).
Sua média por jogo, porém, supera a dos dois pivôs: 31,5 pontos, recorde individual na liga, contra 24,6 pontos de Abdul-Jabbar e 30,1 pontos de Chamberlain.
Não é a primeira vez que Jordan se aposenta da NBA. Depois do tricampeonato de 1993, deixou as quadras para se divertir na terceira divisão do beisebol profissional. Sem sucesso com o taco, retornou aos Bulls em 1995, com a camiseta 45. A equipe caiu nos playoffs. Em 1996, voltou a vestir a 23, caminhando para outro tri.
Casado e pai de três filhos (uma menina), Jordan era o atleta mais bem pago da NBA -e do mundo. Em 1998, recebeu um salário de US$ 33,14 milhões -somados os contratos publicitários, esse valor atingiu US$ 78 milhões.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.