São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Britânicos já reagem a censura

Atleta divulga posição política após comitê olímpico dizer que iria vetar manifestações em Pequim

Competidores ligados a ONG podem se manifestar sobre Darfur; entidades de outros países pregam liberdade de expressão


DA REPORTAGEM LOCAL

A intenção do Comitê Olímpico Britânico de proibir declarações políticas durante a Olimpíada já provocou reações de atletas, mesmo ameaçados de perderem vaga em Pequim.
Richard Vaughan, estrela do badminton, afrontou a entidade e emitiu comunicado em que critica a posição da China em relação aos conflitos na região de Darfur, no Sudão.
No domingo, as autoridades esportivas britânicas afirmaram que iriam incluir nova cláusula nos contratos dos atletas, que impedia comentários sobre "temas delicados" durante a Olimpíada de Pequim.
"É muito difícil manter um silêncio educado sobre um conflito que continua custando muitas vidas. A China tem uma grande influência sobre o Sudão e podia ajudar a dar fim ao sofrimento de milhões de pessoas", escreveu Vaughan.
O astro do badminton e Shelley Rudman, medalhista olímpica de inverno no skeleton, são da ONG "Team Darfur".
Segundo o jornal britânico "The Mail", outros oito atletas da delegação também seriam da organização, que pode utilizar entrevistas e subidas ao pódio nos Jogos para condenar "a conivência da China com os abusos contra os direitos humanos no país africano".
Eles teriam sido ameaçados de perder a vaga olímpica.
"Levando em conta o nível de controle sobre a mídia nesses Jogos e o modo como a China irá controlá-la, o comitê decidiu propor essa regra. O governo chinês é sensível a críticas sobre alguns temas como direitos humanos e Tibete", afirmou o diretor de comunicação do Comitê Olímpico Britânico, Graham Mewson.
O Comitê Olímpico Internacional já diz que os países não podem fazer demonstrações políticas, religiosas ou raciais em instalações olímpicas. Os britânicos assinam os contratos há 20 anos e, pela primeira vez, a cláusula é colocada.
A proibição foi reprovada por entidades esportivas de outros países, pelos Repórteres sem Fronteiras e até por políticos britânicos, como o vice-presidente do parlamento europeu, Edward McMillan-Scott. Ontem, o comitê afirmou que não iria censurar a "liberdade de expressão" de seus atletas.
"Durante uma entrevista, o atleta pode dizer o que quiser. Mas se decide levantar sua camisa e mostrar um "Tibete livre" é diferente", disse Mewson.
Os belgas e neozelandeses também teriam proibido manifestações nas instalações olímpicas. EUA, Canadá, Finlândia, Austrália, República Tcheca, Itália, Noruega, Romênia, França e Suécia, por exemplo, afirmaram que seus atletas não sofrerão nenhuma censura.
A assessoria do Comitê Olímpico Brasileiro afirmou que, como o presidente, Carlos Arthur Nuzman, está em férias, não poderia dar sua posição.
O comitê organizador de Pequim disse que espera que "o espirito olímpico e as regras do COI sejam respeitados".


Com agências internacionais


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