São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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tragédia

Morte abala a Olimpíada de Inverno

Antes mesmo da cerimônia de abertura no Canadá, georgiano Nodar Kumaritashvili não resiste a acidente no luge

Competidor escapa de pista a 145 km/h durante treino, colide contra uma pilastra e encerra uma série de 18 anos sem morte nos Jogos

DA REPORTAGEM LOCAL

A 21ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno começou ontem, em Vancouver (Canadá), de maneira trágica. Antes mesmo da cerimônia de abertura, um acidente matou o georgiano Nodar Kumaritashvili, 21.
Aconteceu num treino de luge, trenó em que o atleta desce deitado, com o peito para cima: o competidor escapou da pista do Whistler Sliding Centre, a mais rápida do mundo, decolou e chocou violentamente as costas contra uma pilastra lateral. A velocidade estimada do trenó de Kumaritashvili no momento do acidente era de 145 km/h.
O treino foi interrompido, e os paramédicos tentaram reanimar o atleta, com massagem cardíaca e respiração boca a boca. Na sequência, ele foi transferido de helicóptero para o hospital, mas não resistiu.
"Claramente, a morte lança uma sombra sobre estes Jogos", afirmou Jacques Rogge, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Kumaritashvili competiu em cinco provas da Copa do Mundo de luge e nesta temporada ocupava o 44º lugar no ranking mundial da modalidade.
O acidente não foi o único nos treinos na pista de Whistler, que é a mais rápida do mundo, tem 16 curvas, 1.374 metros e recorde de 154 km/h obtido pelo alemão Felix Loch, no inverno do ano passado.
Mais de uma dúzia de incidentes foram registrados nos últimos dias. Anteontem, a romena Violeta Stramaturaru também deixou o local inconsciente. Até mesmo atletas considerados favoritos a medalhas, como o italiano Armin Zoeggeler, levaram sustos.
Logo após o acidente de Kumaritashvili, os delegados do COI e os chefes das equipes que disputam o evento fizeram uma reunião para tentar aumentar a segurança da pista.
"Acho que estão forçando demais. Não somos bonecos de teste para sermos arremessados pela pista. Isso é brincar com as nossas vidas", afirmou a atleta australiana Hannah Campbell-Pegg, uma das acidentadas na pista do Whistler.
A delegação da Geórgia chegou a estudar abandonar a competição após o acidente, porém confirmou que seguirá nos Jogos. "É uma tragédia para toda a equipe e a família olímpica", disse Thomas Bacn, vice-presidente do COI.
"Estamos chocados, não sabemos o que fazer", afirmou Irakly Japaridze, chefe da delegação da Geórgia.
Havia 18 anos, não era registrada morte em Olimpíadas.
Nos Jogos de Albertville-92, o suíço Nicolas Bochatay morreu num treino de esqui de velocidade, modalidade em que os competidores alcançavam mais de 200 km/h e que não consta mais no programa olímpico. Ele acertou um trator.
Em 1964, duas semanas antes da estreia do luge nos Jogos de Inverno, o polonês naturalizado britânico Kazimierz Kay-Skrzypeski morreu em um acidente, também durante treino.


Com agências internacionais


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