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JUCA KFOURI
Zagallo é penta
Não, não é o que você está
pensando.
A hora não é de tripudiar
nem muito menos de faltar
com o respeito ao nosso venerando treinador.
Trata-se, apenas, de uma
singela constatação, pois, desde que reassumiu a seleção
brasileira pós-Parreira, Zagallo perdeu: a Copa América,
no Uruguai; duas Copas Ouro;
os Jogos Olímpicos e o Torneio
da França -cinco competições, portanto, o que justifica
o título acima.
Com ele e sua comissão técnica inexpressiva, a seleção
ganhou, digno de nota, só
uma Copa América, disputada pelas seleções reservas da
América do Sul, exceção à da
Bolívia. Então, com a inestimável colaboração da arbitragem, o grande mérito foi
mesmo o espírito da equipe na
altitude de La Paz.
É evidente que, antes de Zagallo, o baixinho Romário foi
o maior responsável pela derrota para os EUA. Ele mesmo
reconhece e nem por isso deve
ser banido do time, porque é
gênio.
O problema maior não é
nem a queda diante dos norte-americanos, mas tudo que
a precedeu.
Se nós aprendemos em 1987
-quando o quinteto comandado por Oscar e Marcel derrotou os EUA nos Pan-Americanos de Indianapólis- que
três coisas são inadmissíveis
para os sobrinhos de Tio Sam
(hambúrguer frio, cerveja
quente e perder no basquete),
não será exagero dizer, agora
que eles se vingaram, que café
frio, cerveja quente e derrota
no futebol também deixam o
brasileiro indignado.
E temos tido derrotas humilhantes para Japão, Nigéria,
Noruega e EUA, sem se falar
de Jamaica e Guatemala.
Derrotas que têm a ver com
uma total falta de planejamento e de padrão de jogo,
fruto da banalização a que foi
submetida a seleção tetracampeã mundial.
O time das camisas amarelas virou arroz-de-festa e,
pior, saco de pancadas, vítima
da ganância de um estilo perverso que, há nove anos, infelicita a CBF.
Não há tempo para grandes
mudanças, e a arrogância cebefeana, somada à incompetência para fazer o bem que a
caracteriza, não dá a menor
esperança de que algo mude.
Vamos ficar na eterna dependência de que o talento do
jogador brasileiro resolva, tênue esperança diante de uma
Copa na Europa e com a Alemanha preparada para acabar o século também como tetracampeã.
Prepare, pois, o seu coração.
E o estômago.
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