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FUTEBOL
O quase massacre do Morumbi
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O placar nem refletiu. Mas o
São Paulo quase massacrou
o Corinthians no Morumbi.
No primeiro tempo, então, o alvinegro não conseguiu dar um
chute no gol de Rogério Ceni.
E o tricolor chegou na área adversária como e quantas vezes
quis. Uma festa.
Reflexo de um time e de um
plantel muito mais equilibrados.
Basta dizer que o banco corintiano é um deserto e o são paulino
tem Aloísio e Lima.
Sim, o Corinthians não tinha
Carlitos Tevez, seu principal jogador, machucado.
Mas o São Paulo não tinha nem
Lugano nem Fabão nem Júnior.
E jogou como se os tivesse.
Porque, também, enquanto
Muricy acerta em quase todas as
decisões que toma, a começar pela entrada de Thiago como titular
-embora talvez fosse melhor ao
lado de Aloísio-, Antonio Lopes
(o Lopes barato, segundo Renato
Maurício Prado, de "O Globo",
em oposição a Lopes Caro, do
Real Madrid, também a perigo)
fez tudo errado.
Aliás, Muricy só errou ao achar
que o Corinthians voltaria mudado no segundo tempo.
Porque o time voltou o mesmo,
com Roger no banco. Quando este
entrou, já com 2 a 0 para o tricolor, saiu Ricardinho e o problema
ficou o mesmo: era fácil neutralizar a tentativa de criar do time
corintiano, restrita a um e apenas
um jogador.
Para piorar, enquanto o São
Paulo tem Rogério Ceni, que pegou pênalti (se adiantou, é verdade) e até o rebote do pênalti, Lopes preferiu Johnny Herrera, um
goleiro sem passado, a Marcelo,
que, ao menos, parece ter futuro.
Se Muricy tem autoridade para
bronquear com o ídolo Lugano
por causa de uma expulsão infantil como aquela em Sorocaba no
domingo retrasado, Lopes não teve poder para convencer o jovem
Rosinei a jogar na lateral-direita
em Monterrey, pela Libertadores,
na última quinta-feira.
A sorte do bando corintiano foi
a presença de Nilmar, que liquidou a desconfiança de ser pouco
presente em jogos complicados,
porque não só sofreu o pênalti,
desperdiçado por Rafael Moura,
como fez um golaço, além de outro em impedimento.
E foi, ainda, a justa expulsão de
Mineiro que permitiu ao Corinthians complicar um clássico que
estava fácil para o São Paulo.
Porque este é o clássico mais
equilibrado da história do Campeonato Paulista, com 55 vitórias
corintianas, 53 empates e, agora
54 triunfos tricolores.
Sorte que virou azar com a contusão de Rosinei, que se machucou nos últimos oito minutos do
jogo, o que diminuiu o ímpeto de
quem buscava a reação que seria
heróica - e injusta.
A verdade é que o 2 a 1 saiu barato, pelo que se viu em mais um
bom clássico no Morumbi, que
apenas não foi de um time só porque, na base do esforço individual, os corintianos transformaram o que seria uma goleada
num resultado apertado.
Muricy Ramalho dará uma
bronca nos seus hoje.
Antonio Lopes, ao se demitir,
enfim, acertou. Mas saiu caro...
Nó tático?l
Nem por maldade se dirá que
Toninho Cerezo, ex-palhaço de
circo, ex-fantástico meio campista, ex-técnico muito bem sucedido no Japão, estreante treinador do Guarani, deu um nó
tático em Vanderlei Luxemburgo, ex-vendedor de carros usados, ex-lateral-esquerdo medíocre, ex-técnico mal sucedido
da seleção brasileira e do Real
Madrid, recordista em títulos
no Campeonato Brasileiro. Não
deu mesmo. Até sofrer o 2 a 0
ainda no primeiro tempo da
partida em Campinas, fruto de
um pênalti desnecessário e até
sem querer, mesmo sem jogar
bem, o Santos criou mais oportunidades. Mas o inesperado e
injusto 2 a 1 manteve o Campeonato Paulista vivíssimo e
devolveu ao São Paulo a chance
do bicampeonato -e o favoritismo na luta pelo título.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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