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Austrália vê F-1 mais humana
Limitação à eletrônica e fim do controle de tração devolvem o domínio dos carros para os pilotos
Dispositivos proibidos
impediam as rodas de patinarem em largadas e retomadas e compensavam freadas mais bruscas
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MELBOURNE
O 59º Mundial de F-1 começa
hoje na Austrália com um quê
de nostalgia. Conhecida por
usar e desenvolver tecnologia
de ponta, a categoria faz uma
breve incursão ao passado na
tentativa de resgatar um pouco
do glamour de outras épocas.
O fim do controle de tração,
e, conseqüentemente, do controle de largada devolve o controle do carro aos pilotos, mais
especificamente à sensibilidade de cada um deles. Nas palavras de Felipe Massa, a F-1 passará a ser "mais humana".
A partir das 20h (de Brasília),
com o início da primeira sessão
de treinos livres para o GP da
Austrália, uma prévia do que
pode acontecer durante a temporada já poderá ser vista.
O teste principal, porém, somente deve acontecer na madrugada do próximo domingo,
na largada da primeira corrida
de 2008, ponto mais crítico do
fim dos auxílios aos pilotos.
É justamente durante as largadas ou nas retomadas de velocidade que o controle de tração é mais utilizado, já que ele
impede as rodas de patinarem.
"Teremos que readaptar nosso estilo de dirigir e a maneira
de acertar os carros para compensar o fim da eletrônica",
afirmou Fernando Alonso.
Seu companheiro de Renault, Nelsinho Piquet, vai
além. "Acho que a maior diferença não vai ser o fim do controle de tração, e sim o do freio-motor", disse o piloto, que estréia hoje na categoria.
"Os carros vão ficar muito
mais instáveis, especialmente
com pneus usados. Antes, era
possível frear com muito mais
força. Agora, se você fizer isso,
você vai travar suas rodas, e o
motor não irá compensar."
Esta, no entanto, não é a primeira vez que a FIA (Federação
Internacional de Automobilismo) tenta banir o uso do dispositivo. No final de 1993, a entidade radicalizou e resolveu restringir ao máximo a eletrônica.
Mais foi justamente após as
medidas que a categoria sofreu
um de seus maiores golpes. Em
um mesmo final de semana de
1994 assistiu, impotente, às
mortes de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger. Não demorou para que o fim da eletrônica
na categoria fosse apontado como um dos responsáveis pela
tragédia ocorrida em Imola.
Desde então, de tempos em
tempos surgiam rumores de
que algumas equipes usavam
ilegalmente o controle de tração. Foram os casos da Benetton, nas temporadas de 1994 e
1995, da Williams, em 1996 e
1997, e da Ferrari, em 2001.
Depois de admitir que não tinha uma forma eficaz para fiscalizar o uso do dispositivo, na
quinta corrida de 2001 a FIA
resolveu liberá-lo novamente.
Foi apenas a padronização de
uma mesma centralina para todos os times que possibilitou
que agora o controle de tração
fosse novamente abolido da F-1. Neste ano, a McLaren fornecerá para os 11 times a central
eletrônica que comanda as
principais funções dos carros.
De acordo com os pilotos, engana-se quem pensa que os
mais experientes terão alguma
vantagem por já terem guiado
sem o dispositivo. "Era tudo diferente, os motores eram V10.
Os pneus eram outros", explicou o ferrarista Felipe Massa.
As novidades dividiram a
opinião dos maiores afetados.
"A mudança vai dar mais
controle aos pilotos, e teremos
que dar nosso melhor. Talvez
isso faça com que os melhores
pilotos façam um trabalho melhor", falou Lewis Hamilton, vice-campeão no ano passado.
Se alguns elogiam o fim da
ajuda eletrônica, outros acreditam que haverá mais batidas, o
que fará com que o safety car
seja acionado mais vezes.
O fato é que a novidade deverá trazer novos elementos ao
campeonato. Mais erros, mais
incertezas, mais ultrapassagens, mais espetáculo. É exatamente o que a FIA mais deseja.
NA TV - Treinos do GP da Austrália
Sportv 2, às 20h, e Sportv, à 0h
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