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Tribunal do atletismo atenua penas
Comissão disciplinar diminui punições de envolvidos em maior escândalo de doping da história do esporte nacional
Ameaçado de banimento, Jayme Netto Jr., que admitiu saber que injeções aplicadas em seus atletas continham EPO, é suspenso por 4 anos
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os protagonistas do maior
escândalo de doping da história
do atletismo nacional tiveram
suas punições atenuadas em
julgamento realizado em Manaus, anteontem à noite.
A Comissão Disciplinar do
STJD (Superior Tribunal de
Justiça Desportiva) impôs uma
suspensão de quatro anos aos
técnicos Inaldo Sena e Jayme
Netto Jr., que no ano passado
assumiu a culpa pelo doping
sistemático de diversos atletas.
Por ter confessado saber que
as injeções ministradas aos
seus pupilos continham a substância proibida EPO (eritropoietina), Jayme poderia até
ser banido do esporte.
Insatisfeito com o resultado,
o procurador Edson Rosas Jr.
afirmou que pretende recorrer,
solicitando ao STJD o banimento do técnico, que não foi
encontrado pela reportagem
para comentar a decisão.
"Não concordei com o argumento que ele [Jayme] apresentou. Ele reafirmou que era
substância proibida e que ele
sabia disso. Disse que tinha autorizado uma vez. Quem autoriza uma vez, autoriza outras
dez", comentou o procurador.
"A atitude dele é de quem
merece o banimento, até mesmo pelo que ele representa para o atletismo do país."
Os atletas flagrados com EPO
nos exames realizados em junho de 2009, em Presidente
Prudente, também tiveram um
abrandamento nas punições.
Josiane Tito (4 x 400 m), Luciana França (400 m com barreiras), Lucimara Silvestre
(heptatlo), Bruno Lins (200 m
e 4 x 100 m) e Jorge Célio (200
m e 4 x 100 m), que já cumpriam suspensão preventiva
desde o meio de 2009, tiveram
a pena reduzida para um ano.
Ao ser informada pela Folha
da decisão do julgamento, Josiane mostrou-se surpresa.
"Eu não sabia. Nem cheguei
a ser chamada para participar
do julgamento. Isso [a redução
da punição] é maravilhoso",
afirmou a velocista, que, se for
mantida a decisão, poderá voltar a competir em junho.
"Só fico triste pelo Inaldo.
Não entendo por que ele recebeu a mesma punição que o
Jayme. Ele só tem duas atletas
[flagradas no doping], já o Jayme tinha um monte de atleta
flagrado", disse Josiane, que
vende roupas em Presidente
Prudente para se sustentar.
"Ganho mais com isso do que
como atleta", declarou.
O procurador Edson Rosas
Jr. também solicitará recurso
ao STJD no caso dos atletas,
exigindo a aplicação da punição máxima -dois anos.
"Devo entrar com recurso
até a próxima sexta. Acredito
que até o fim de março já deve
haver um novo julgamento no
STJD", disse o procurador.
Outros dois atletas julgados,
Rodrigo Bargas (400 m) e
Evelyn dos Santos (4 x 100 m),
que estavam suspensos preventivamente, foram liberados.
Apesar de seus exames não
terem acusado a presença de
doping, eles haviam admitido
ter recebido também as injeções recomendadas por Jayme.
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