São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Tribunal do atletismo atenua penas

Comissão disciplinar diminui punições de envolvidos em maior escândalo de doping da história do esporte nacional

Ameaçado de banimento, Jayme Netto Jr., que admitiu saber que injeções aplicadas em seus atletas continham EPO, é suspenso por 4 anos

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os protagonistas do maior escândalo de doping da história do atletismo nacional tiveram suas punições atenuadas em julgamento realizado em Manaus, anteontem à noite.
A Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) impôs uma suspensão de quatro anos aos técnicos Inaldo Sena e Jayme Netto Jr., que no ano passado assumiu a culpa pelo doping sistemático de diversos atletas.
Por ter confessado saber que as injeções ministradas aos seus pupilos continham a substância proibida EPO (eritropoietina), Jayme poderia até ser banido do esporte.
Insatisfeito com o resultado, o procurador Edson Rosas Jr. afirmou que pretende recorrer, solicitando ao STJD o banimento do técnico, que não foi encontrado pela reportagem para comentar a decisão.
"Não concordei com o argumento que ele [Jayme] apresentou. Ele reafirmou que era substância proibida e que ele sabia disso. Disse que tinha autorizado uma vez. Quem autoriza uma vez, autoriza outras dez", comentou o procurador.
"A atitude dele é de quem merece o banimento, até mesmo pelo que ele representa para o atletismo do país."
Os atletas flagrados com EPO nos exames realizados em junho de 2009, em Presidente Prudente, também tiveram um abrandamento nas punições.
Josiane Tito (4 x 400 m), Luciana França (400 m com barreiras), Lucimara Silvestre (heptatlo), Bruno Lins (200 m e 4 x 100 m) e Jorge Célio (200 m e 4 x 100 m), que já cumpriam suspensão preventiva desde o meio de 2009, tiveram a pena reduzida para um ano.
Ao ser informada pela Folha da decisão do julgamento, Josiane mostrou-se surpresa.
"Eu não sabia. Nem cheguei a ser chamada para participar do julgamento. Isso [a redução da punição] é maravilhoso", afirmou a velocista, que, se for mantida a decisão, poderá voltar a competir em junho.
"Só fico triste pelo Inaldo. Não entendo por que ele recebeu a mesma punição que o Jayme. Ele só tem duas atletas [flagradas no doping], já o Jayme tinha um monte de atleta flagrado", disse Josiane, que vende roupas em Presidente Prudente para se sustentar.
"Ganho mais com isso do que como atleta", declarou.
O procurador Edson Rosas Jr. também solicitará recurso ao STJD no caso dos atletas, exigindo a aplicação da punição máxima -dois anos.
"Devo entrar com recurso até a próxima sexta. Acredito que até o fim de março já deve haver um novo julgamento no STJD", disse o procurador.
Outros dois atletas julgados, Rodrigo Bargas (400 m) e Evelyn dos Santos (4 x 100 m), que estavam suspensos preventivamente, foram liberados.
Apesar de seus exames não terem acusado a presença de doping, eles haviam admitido ter recebido também as injeções recomendadas por Jayme.


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