|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE
Liga vai permitir a marcação por zona a partir do próximo torneio
Saturada, NBA abandona a regra que a tornou especial
DA REPORTAGEM LOCAL
É o fim do mundo que o torcedor da NBA conheceu. A liga
anunciou que vai abandonar a
principal regra que distinguiu o
basquete profissional norte-americano -idolatrado pelas acrobacias, criatividade e velocidade-
do praticado no resto do planeta.
A partir do próximo campeonato, que começa em outubro, a defesa individual, homem a homem, não será mais obrigatória.
É a mudança de regra mais revolucionária desde que o torneio
adotou o limite de 24 segundos
para a posse de bola, em 1954.
Implantada em 1946, a proibição à marcação por zona moldou
o basquete da NBA. Em uma análise simplificadora, pode-se dizer
que um jogo da liga não se resume
ao duelo entre equipes. Há, sim,
cinco duelos individuais simultâneos, os chamados "matchups".
Os times se movem para explorar esses confrontos pessoais, para minimizar suas fraquezas e
aproveitar as do rival. A quadra
torna-se o hábitat perfeito para
um jogador talentoso, criativo e
atlético -não à toa, Michael Jordan explodiu nesse ambiente.
A marcação por zona, por sua
vez, permite que se mascarem as
deficiências. Se um jogador é falho na defesa, a equipe sai em seu
socorre, congestionando o setor.
O recuo da NBA começou a ser
articulado em janeiro. A cúpula
da liga tinha, então, um triplo
diagnóstico de saturação:
1) Os atletas estão mais altos e
velozes, fisicamente capacitados a
"cobrir" mais de um adversário
ao mesmo tempo -na prática, já
havia uma marcação mista;
2) Para furar essa defesa mista,
"meia-zona", os técnicos da NBA
consagraram uma jogada que
empobreceu a partida -isolam
seu melhor jogador no ataque,
deslocando os outros quatro para
um lado da quadra, e torcem para
que ele, na habilidade, leve a melhor sobre seu marcador direto;
3) Os torcedores, e até os árbitros, tinham cada vez mais dificuldades para reconhecer o uso
ilegal da marcação por zona.
Alguns dos treinadores mais experientes e sofisticados da liga,
como Pat Riley (Miami) e Larry
Brown (Philadelphia), lançaram
uma cruzada nesta semana para
tentar barrar a mudança.
Para eles, a zona levaria ao engarrafamento eterno sob as tabelas, inibiria as infiltrações -os
lances mais criativos do esporte- e enxugaria os placares.
Mas outros teóricos, como Don
Nelson (Dallas), apoiaram a iniciativa, prevendo mais movimentação e solidariedade nos jogos e e
minimizando os riscos. "Uma regra jamais vai dobrar o talento de
um atleta ou de um time", disse.
De qualquer forma, em nome
da novidade e da desburocratização do basquete, o recuo histórico
acabou aprovado, ontem, por 22
dos 29 donos de equipe.
Para suavizar a transição, foram
tomadas três decisões. Primeiro, a
regra de três segundos no garrafão -criada para impedir que o
atacante estacione sob a tabela-
vai valer também para os jogadores de defesa que não estiverem
"colados" em um oponente. Segundo, será reduzido o tempo
que o time possui para fazer a bola
chegar ao ataque (de 10 para 8 segundos). Terceiro, haverá uma
tolerância para o uso das mãos
pelo marcador (hoje basta um toque com a mão espalmada para
que o árbitro assinale falta).
Texto Anterior: Futebol - José Roberto Torero: O último dos primeiros Próximo Texto: Campeonato já definiu os 16 classificados Índice
|