São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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Grandes vão ao Brasileiro com arremedo do Paulista

Sem dinheiro, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se preparam para o Nacional com praticamente os mesmos elencos que falharam no Estadual

DA REPORTAGEM LOCAL

O que não deu certo no Paulista será mantido para o Brasileiro.
Sem dinheiro, os quatro grandes de São Paulo vão começar a disputa do Nacional, na próxima semana, com os mesmos times que fracassaram no Estadual.
Até agora foram apenas dois reforços -o Corinthians trouxe Piá para o meio-campo, e o Santos, Leandro Machado para o ataque. Já Palmeiras e São Paulo ainda não contrataram. Nos quatro casos a timidez nos negócios vai continuar nas próximas semanas.
A despeito dos pedidos de treinadores e torcedores, os cartolas do quarteto argumentam que o mercado está pouco convidativo.
"Vamos contratar com calma, não adianta ter pressa. Primeiro, precisamos encontrar o jogador adequado. Depois, precisamos ver se o clube tem condições de contratá-lo", diz Antonio Roque Citadini, o vice-presidente de futebol do Corinthians.
O Santos procura um atacante e um zagueiro, mas reclama da falta de opções. "Todos os bons atacantes já estão empregados, e o mercado europeu só vai abrir em maio", disse Francisco Lopes, diretor de futebol, que aponta outro obstáculo além da falta de opções.
"Nós sempre tentamos atender às necessidades do Leão, mas no momento não estamos atrás de ninguém. Nós demoramos muito para arrumarmos nossa casa financeiramente e não vamos colocar tudo a perder agora", disse.
O São Paulo também aponta o baixo orçamento como dificuldade para contratações.
Segundo o diretor de planejamento do clube, João Paulo Jesus Lopes, a saída precoce do Paulista reduziu a possibilidade de investimento em novos atletas.
"Estamos atentos para aquilo que existe no mercado, mas não há muitos jogadores disponíveis. E ainda temos dificuldades no orçamento", afirmou Lopes, ressaltando que o calendário desta época pode ser "enganoso".
"Estamos em meio aos Estaduais, que não têm a mesma visibilidade do Brasileiro. A gente observa que há jogadores estraçalhando nos Estaduais, mas podem não render no Brasileiro."
Famoso por sua política do "bom e barato", o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi fala em contratações, mas contesta quem diz que seu clube precisa de um bom número de reforços.
"Vamos fazer uma avaliação do elenco para ver o que precisamos. Não sei se vai ser antes ou depois de o Brasileiro começar. Mas o que me intriga é que sempre dizem que precisamos de três reforços. Não adianta contratarmos, sempre falam que faltam três", disse o presidente palmeirense.
Se resolverem mudar de idéia e sair atrás de novos jogadores, os grandes paulistas terão, pelo menos, uma vantagem em relação ao regulamento do ano passado.
A CBF cedeu aos apelos dos clubes e facilitou a inscrição de novos atletas. Em 2003, o prazo máximo para as novas contratações era a 23ª rodada. Agora, os clubes têm até a 31ª jornada para fazer negócios. Também ficou mais fácil a aquisição de jogadores que já tenham disputado partidas do torneio por outra agremiação.
No ano passado, nenhum atleta com mais de dois jogos disputados por um time poderia arrumar uma nova equipe. Agora, o limite passou para seis partidas.
A situação atual dos grandes paulistas é semelhante ao que aconteceu no ano passado, quando entrou em vigor o Brasileiro de pontos corridos em dois turnos.
Só que naquela ocasião os clubes tinham elencos mais fortes que os atuais (casos de São Paulo e Santos), vinham de bons resultados (Corinthians, campeão estadual) ou acertavam o elenco para a Série B nacional (Palmeiras).
Os times ainda terão pela frente em 2004 um torneio mais duro, já que agora caem quatro times para a Série B, contra dois do ano passado. E a experiência de 2003 mostra que é difícil um time que começou mal se recuperar.


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