São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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FUTEBOL

Azul em Sampa, rubro-negro no Rio

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Com a mão na taça. Esse velho clichê da crônica esportiva descreve muito bem a situação do São Caetano. Antes da segunda partida contra o Santos já havia escrito aqui que o time estava com pinta de campeão. Agora está na cara. Se no próximo domingo mantiver a seriedade e a firmeza com que vem destruindo seus adversários neste Paulista, o Azulão, enfim, vai vestir a faixa.
 
Anibal Massaini, produtor e diretor do filme "Pelé Eterno" reclama que meus comentários da semana passada só podem ter sido feitos com base numa versão não concluída do trabalho, segundo ele ainda em fase de finalização. Houve até quem achasse que Massaini teria mostrado o filme à coluna. Não foi nada disso. O que vi foi uma versão que se não é a final é quase.
E o que importa mesmo na história, como escrevi, são os maravilhosos lances do melhor jogador de todos os tempos.
Um dos episódios mais incríveis que o filme rememora, com imagens raras, dá bem a medida do mito Pelé. Num jogo entre o Santos e a seleção olímpica da Colômbia, Pelé foi expulso pelo árbitro Guillermo Velásquez, depois de ter reclamado da não-marcação de um pênalti. A decisão revoltou a platéia, que estava lá só para ver o Rei. Velásquez tomou uma sova e saiu de maca para os vestiários. Foi substituído pelo bandeirinha, que muito sensatamente tomou a atitude de revogar a expulsão.
 
E o Flamengo? Vitória límpida sobre o Vasco. E teve um gol injustamente anulado. Era para ser de mais. E não digam que houve impedimento também no tento rubro-negro. Só o "tira-teima" da Globo viu isso. E a regra, como todos estão fartos de saber, é clara: manda o auxiliar ser pró-ataque em caso de dúvida. Pode parecer incrível, mas Abel saiu para o jogo e só deu Flamengo no primeiro tempo. Depois as coisas se complicaram um pouco, mas o time é favorito, ainda que em clássicos como esses os favoritismos facilmente se desmanchem no ar.
 
O mata-mata é emocionante justamente por aumentar as chances da zebra. São só dois jogos para decidir quem é melhor. Não creio que o Real Madrid numa seqüência mais longa contra o Monaco sairia em inferioridade. Mas essa é a graça da fórmula copeira. E o time de Ronaldo não tem do que se queixar -assim como o Santos e o Palmeiras.
O Real, a propósito, passa por um momento muito complicado. Depois do papelão na Copa dos Campeões perdeu a liderança do Espanhol. Cheio de craques, mas sem alcançar os melhores resultados, digamos que é uma espécie de Flu da Espanha, certo Gerson?
 
Bem, vai se aproximando o Campeonato Brasileiro, que mandará quatro clubes para a Série B. Agora, sim, é que vamos ver quem é quem nesse pagode.

Renato e a seleção
Não há dúvida de que falta entrosamento à seleção brasileira. E falta também melhor definição sobre a armação de jogadas. O que vimos na partida contra o Paraguai foi a tentativa atabalhoada de jogadores de talento, como Ronaldinho e Kaká, de resolver a questão na base do individualismo. Isso às vezes pode dar certo, mas não é assim que se joga. Na minha modesta opinião, Renato ainda precisa ser melhor conhecido pela turma que joga na Europa. Ele é um jogador que passa muito bem e sempre proporciona desafogo para quem está apertado com a bola. É muito útil em combinações para armar o ataque. Essa característica foi pouco explorada na partida contra os paraguaios. A bola deveria passar mais pelos seus pés.

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