São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2010

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Em ano de Copa, seleção abarrota os cofres da CBF

Time que vai ao Mundial da África do Sul arrecada cerca de R$ 214 milhões em patrocínio, recorde no futebol brasileiro

Verba com propaganda da confederação mais do que triplica em relação ao que aconteceu na Copa da Alemanha, há quatro anos

SÉRGIO RANGEL
CIRILO JUNIOR
DA SUCURSAL DO RIO

Com o anúncio, ontem, de parceria com a Seara no valor de US$ 6 milhões, a seleção brasileira vai para a África do Sul com número recorde de dez anunciantes e mais de R$ 200 milhões em patrocínio. Até o final de abril, a CBF vai anunciar a Nestlé como dona da última cota, a mais barata, mesmo valor pago pela Seara.
Atualmente, o faturamento da entidade com os patrocínios é de R$ 203,6 milhões. Com a venda da cota para a Nestlé, a receita da confederação crescerá mais R$ 10,5 milhões. No total, a seleção receberá R$ 214 milhões dos parceiros em 2010.
A quantia arrecadada é recorde na história do futebol brasileiro. Na última Copa do Mundo, a seleção seguiu para a Alemanha com quatro anunciantes na bagagem e R$ 60 milhões, valor inédito até então.
Três marcas continuam parceiras da seleção: Vivo, Nike e AmBev. A única que saiu foi a Varig, por causa dos seus problemas financeiros. O restante entrou a partir de 2007, quando o Brasil foi escolhido para receber a Copa de 2014.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que o aumento do número de patrocinadores não afeta o chamado "espírito de seleção", que vem sendo buscado pelo técnico Dunga após a medíocre campanha brasileira em 2006. "Os patrocinadores acreditaram no nosso novo projeto para a seleção, com a nova estrutura que a gente colocou na equipe", afirmou.
Presidente do grupo Marfrig, que controla a Seara, Marcos Molina explicou que a parceria com a seleção tem como objetivo imediato internacionalizar a marca. A Seara já havia firmado contrato antes com o Santos.
A AmBev é a mais antiga patrocinadora da seleção. A empresa, que usa duas marcas na seleção, vai para sua quinta Copa do Mundo. Atualmente, paga US$ 15 milhões por ano.
A empresa que mais gasta com a seleção é a Nike. Parceira da CBF desde 1995, a fornecedora de material esportivo teve o seu contrato renegociado e paga US$ 40 milhões anuais.
Todos os contratos da seleção são fixados em dólar. Pelo sistema, as empresas pagam em real o valor do dólar no vencimento das cotas.
Em virtude das constantes quedas do dólar, a confederação negociou o seu último grande contrato (Itaú) em euro. O banco paga 15 milhões (cerca R$ 36 milhões) anuais à CBF.
Até a última Copa, todos os parceiros estampavam as suas marcas nos uniformes dos jogadores, em placas na Granja Comary (local de treinos do time no Brasil) e no painel montado durante as entrevistas.
Agora, a CBF decidiu mudar. O comprador da cota mais barata não tem direito a estampar seu nome no uniforme dos atletas. As empresas usam apenas o painel de entrevistas coletivas e podem fazer promoções com o nome da seleção.
Apesar do boom de publicidade no time de Dunga, a seleção não lidera o ranking de patrocínios. Atual campeã mundial, a Itália vendeu a 26 empresas o direito de explorar a imagem do time. A maioria não tem direito de exibir a marca no uniforme dos atletas ou em placas nos locais de treino. A federação italiana não divulga quanto recebe com patrocínio.
"Tem que levar em consideração o país, mas, em termos de patrocínio, não estamos muito aquém do geral no mundo. Há algumas seleções que talvez tenham maior possibilidade, como França e Alemanha, mas tendo em vista o mercado", comentou Ricardo Teixeira.


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