São Paulo, domingo, 13 de maio de 2001

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GINÁSTICA

Reserva na equipe nacional em Sydney-2000, atleta faz estágio no Cirque du Soleil e espera seguir carreira

Sem patrocínio, brasileira substitui esporte pelo circo

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A brasileira Marília Mattos Gomes, 18, reserva na seleção brasileira de ginástica olímpica em Sydney-2000, trocou o tablado de seu esporte pelo do circo. Até julho, ela participa de estágio remunerado no canadense Cirque du Soleil, uma das mais famosas companhias circenses do mundo.
Criada 1982, a companhia, com sede em Montreal, mistura em seus espetáculos acrobacias e música, além de teatralidade.
Anualmente, o circo promove estágios para avaliar talentos em potencial que possam no futuro integrar a companhia. O grupo de que a brasileira faz parte conta com 46 pessoas de todas as partes do mundo -diversas delas, a exemplo de Marília, trazem na bagagem a ginástica olímpica.
Os números são animadores. Dos estagiários de 2000, cerca de 60% foram chamados e atualmente fazem parte do circo. Existe a possibilidade, no entanto, de nenhum dos participantes ser aproveitado de imediato.
""Temos uma boa imagem dela [Marília", está indo bem, mas não há garantia de contrato após o período de treinamento. O estágio serve para conhecermos os candidatos, seu potencial, e a possibilidade de os aproveitarmos em um eventual momento de necessidade", disse à Folha Bernard Petiot, diretor de produção do circo.
O estágio, no qual os participantes aperfeiçoam suas habilidades durante 40 horas semanais, tem também como finalidade permitir que os candidatos tomem contato com o dia-a-dia do circo.
"Saí do Brasil com a intenção de passar a fazer parte do circo. Agora, depois de conviver em seu ambiente, minha certeza ficou maior ainda", afirmou Marília, acrescentando que o fato de saber falar inglês e conhecer ""um pouco" de russo a ajudou a se enturmar.
Marília, cuja família reside em São Paulo, quase não conseguiu participar da audição que lhe valeu o convite para o estágio. Ela contatou os representantes do circo apenas no dia anterior à audição no Rio. Embora não tivesse enviado currículo ou fita de vídeo, viajou e participou do teste.
A atleta explica que um dos principais motivos para tentar integrar o circo é o fato de que passará a ganhar para fazer o que gosta -reclama que no Brasil não tem patrocínio como ginasta. Ela receberá US$ 1.200 por mês. Outros fatores pesaram na opção de Marília: a idade, quase limite para o esporte, e o fato de ter amargado a reserva em Sydney.
"Fiz balé por um bom tempo, gosto de dançar. E aqui estou me especializando em um aparelho muito parecido com a cama elástica, então não é tão diferente do que fazia", explicou a brasileira, a mais nova do grupo de estagiários, que terá como última atividade após o período de treinamento a participação em um espetáculo aberto ao público.
Após o encerramento do período do estágio, em julho, os candidatos retornarão a seus países de origem. Eles serão chamados de acordo com a demanda da companhia. Considerando a possibilidade de o chamado demorar, a ginasta brasileira já faz planos para o segundo semestre no Brasil.
Marília, que no ano passado concluiu o colegial, pretende inscrever-se em um curso preparatório para prestar o vestibular para o curso de engenharia na USP.



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