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GINÁSTICA
Reserva na equipe nacional em Sydney-2000, atleta faz estágio no Cirque du Soleil e espera seguir carreira
Sem patrocínio,
brasileira substitui
esporte pelo circo
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A brasileira Marília Mattos Gomes, 18, reserva na seleção brasileira de ginástica olímpica em
Sydney-2000, trocou o tablado de
seu esporte pelo do circo. Até julho, ela participa de estágio remunerado no canadense Cirque du
Soleil, uma das mais famosas
companhias circenses do mundo.
Criada 1982, a companhia, com
sede em Montreal, mistura em
seus espetáculos acrobacias e música, além de teatralidade.
Anualmente, o circo promove
estágios para avaliar talentos em
potencial que possam no futuro
integrar a companhia. O grupo de
que a brasileira faz parte conta
com 46 pessoas de todas as partes
do mundo -diversas delas, a
exemplo de Marília, trazem na bagagem a ginástica olímpica.
Os números são animadores.
Dos estagiários de 2000, cerca de
60% foram chamados e atualmente fazem parte do circo. Existe a possibilidade, no entanto, de
nenhum dos participantes ser
aproveitado de imediato.
""Temos uma boa imagem dela
[Marília", está indo bem, mas não
há garantia de contrato após o período de treinamento. O estágio
serve para conhecermos os candidatos, seu potencial, e a possibilidade de os aproveitarmos em um
eventual momento de necessidade", disse à Folha Bernard Petiot,
diretor de produção do circo.
O estágio, no qual os participantes aperfeiçoam suas habilidades
durante 40 horas semanais, tem
também como finalidade permitir que os candidatos tomem contato com o dia-a-dia do circo.
"Saí do Brasil com a intenção de
passar a fazer parte do circo. Agora, depois de conviver em seu ambiente, minha certeza ficou maior
ainda", afirmou Marília, acrescentando que o fato de saber falar
inglês e conhecer ""um pouco" de
russo a ajudou a se enturmar.
Marília, cuja família reside em
São Paulo, quase não conseguiu
participar da audição que lhe valeu o convite para o estágio. Ela
contatou os representantes do circo apenas no dia anterior à audição no Rio. Embora não tivesse
enviado currículo ou fita de vídeo,
viajou e participou do teste.
A atleta explica que um dos
principais motivos para tentar integrar o circo é o fato de que passará a ganhar para fazer o que
gosta -reclama que no Brasil
não tem patrocínio como ginasta.
Ela receberá US$ 1.200 por mês.
Outros fatores pesaram na opção
de Marília: a idade, quase limite
para o esporte, e o fato de ter
amargado a reserva em Sydney.
"Fiz balé por um bom tempo,
gosto de dançar. E aqui estou me
especializando em um aparelho
muito parecido com a cama elástica, então não é tão diferente do
que fazia", explicou a brasileira, a
mais nova do grupo de estagiários, que terá como última atividade após o período de treinamento a participação em um espetáculo aberto ao público.
Após o encerramento do período do estágio, em julho, os candidatos retornarão a seus países de
origem. Eles serão chamados de
acordo com a demanda da companhia. Considerando a possibilidade de o chamado demorar, a ginasta brasileira já faz planos para
o segundo semestre no Brasil.
Marília, que no ano passado
concluiu o colegial, pretende inscrever-se em um curso preparatório para prestar o vestibular para
o curso de engenharia na USP.
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