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Ferrari humilha o melhor Barrichello
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ZELTWEG
Uma atitude antiesportiva da
Ferrari combinada à subserviência de Rubens Barrichello transformaram 12 de maio de 2002 em
um dia de vergonha para a F-1.
Primeiro colocado nos treinos
livres de sexta, pole position no
sábado, líder do GP da Áustria
por 69 das 71 voltas, o brasileiro
acatou uma ordem da escuderia e,
a 10 m da linha de chegada, deixou Michael Schumacher passar.
Pela primeira vez em 52 anos de
história da F-1, com 686 GPs, um
pódio foi vaiado. Sem graça, o tetracampeão mundial puxou Barrichello para o degrau mais alto.
Com os ferraristas juntos e visivelmente embaraçados, Zeltweg
acompanhou o hino alemão.
O clima no autódromo era de
indignação. No paddock, pilotos
e dirigentes fizeram pesadas críticas à postura da Ferrari e pediram
intervenção da FIA (entidade máxima do automobilismo) no resultado, o que não aconteceu.
O sentimento era que a escuderia não precisava ter dado a ordem, dada sua superioridade neste ano. Mesmo se Barrichello vencesse, Schumacher teria 23 pontos
de vantagem sobre o vice do
Mundial, Juan Pablo Montoya.
Acuada, a Ferrari tentou se defender. Schumacher disse que "a
F-1 é um esporte de equipes" e
que campeonatos já foram decididos por apenas um ponto.
Também disse que é ele que está
na luta pelo Mundial de Pilotos.
A entrevista foi interrompida
quando um jornalista perguntou:
"Se a F-1 se trata de um esporte de
equipes, por que há um Mundial
de Pilotos?". Barrichello sacou o
microfone, mas não falou. Levantou-se da mesa e deixou a sala, seguido de Schumacher e Montoya, da
Williams, o terceiro colocado.
Depois Barrichello disse que seu
contrato prevê que ele acate ordens da equipe. Ele não revelou
qual seria sua penalização se a desobedecesse, mas, se isso ocorresse, o ambiente ficaria carregado.
"Quando assinei com a Ferrari
pela primeira vez [em 1999", já sabia que teria uma tarefa difícil."
Não foi a primeira vez que a categoria viu um jogo de equipe. Na
mesma Zeltweg, em 2001, o brasileiro teve de ceder o segundo lugar na corrida para Schumacher.
Na ocasião, saiu do carro furioso.
Ontem Barrichello não se irritou. E seu discurso condescendente o pôs definitivamente na
posição de mero guarda-costas de
Schumacher. "Não estou revoltado. Saio daqui como vencedor e
ponto final. O Schumacher me
deu o troféu. E eu vou dá-lo para a
Silvana [sua mulher], porque hoje
[ontem] é aniversário dela."
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