LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Japão mandou ao Brasil seu time principal de judô para treinar futebol e jiu-jítsu.
Na primeira vez que os bicampeões mundiais por equipes viajaram ao continente americano para duas semanas de treino e um torneio amistoso, que acontece nesta manhã em Maringá, eles fizeram duas exigências dos brasileiros: praticantes de jiu-jítsu nos treinamentos e práticas similares às de treinos de futebol.
"Um dos diferenciais dos judocas brasileiros é o equilíbrio. Acreditamos que eles têm essa característica mais desenvolvida pelo contato que possuem com o futebol desde a infância", afirmou o técnico da equipe japonesa, Hitoshi Saito, para justificar o pedido inusitado no mundo do judô.
Nas sessões de treino fechadas à imprensa, a equipe japonesa fez seu aquecimento como se fosse um time de futebol. As atividades foram comandadas por um dos preparadores físicos da equipe brasileira, Ricardo Calixto.
"Começamos com exercícios de coordenação, controle e domínio de bola. Depois eles fizeram o bobinho. Mas não era uma brincadeira. Os japoneses levaram a sério o jogo, que para nós é recreação. Gostaram tanto que depois fizeram um "rachão" no tatame, contra os brasileiros", conta Calixto, lembrando que na segunda, quando as equipes continuarão os treinos no Rio, o Vasco mandará um preparador físico de futebol para orientar os japoneses.
Além de mencionar o auxílio do futebol para desenvolver o equilíbrio, os japoneses destacaram que a bola rolando no tatame foi importante para aliviar mentalmente os atletas, desgastados pela insistência no ne-waza (técnicas de solo) -bem similar ao jiu-jítsu.
"A pressão que os praticantes de jiu-jítsu nos impuseram no chão é muito maior que a que estamos habituados. Não agüento mais treinar ne-waza", afirmou anteontem à noite o tricampeão olímpico na categoria até 60 kg, Tadahiro Nomura.
Outro que causou boa impressão foi Satoshi Ishii, 19, campeão japonês da categoria sem limite de peso, que foi apontado como "incansável" pelos brasileiros.