São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Empresa tira de Cuba desertor do Pan do Rio

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o incentivo de um bônus financeiro e da infra-estrutura para deixar seu país, o cubano ex-campeão mundial amador Erislandy Lara, 25, que teve tentativa de deserção frustrada no Pan, fugiu para a Alemanha, onde assinou com a firma Arena Box-Promotion.
""Claro que não foi com a anuência do governo de Cuba, fui eu que planejei [a fuga de Cuba]", confirmou à Folha Ahmet Öner, da Arena Box-Promotion, que inclusive já deu a data para a estréia de Lara no profissionalismo: 4 de julho.
Öner informou que Lara havia abandonado Cuba em março, mas se recusou a fornecer mais detalhes da fuga. O promotor acrescentou que foi preciso garantir ao pugilista ""bônus financeiro" para que assinasse com sua firma. A Folha apurou que a soma pedida girou em torno de US$ 125 mil.
O site oficial da Arena na internet trouxe declarações atribuídas a Lara, bem como uma fotografia do pugilista abraçado a Öner: ""É fantástico estar na Alemanha. Não quero falar sobre os detalhes da fuga. Estou satisfeito por estar aqui [na Alemanha]. Quero virar profissional e ser campeão mundial".
Lara, que no Pan do Rio chegou a disputar uma luta na categoria dos meio-médios (até 69 kg) antes de desaparecer, teria se deslocado de Cuba ao México, onde conseguiu a documentação necessária para entrar na Alemanha, segundo a agência Associated Press.
Além de Lara, a Arena já havia orquestrado a deserção de outros três boxeadores cubanos, todos campeões olímpicos: Odlanier Solis, Yuriorkis Gamboa e Yan Barthelemy.
O trio escapou durante treino na Venezuela e obteve destaque no profissionalismo.
Os duelos deles são transmitidos regularmente pelas redes americanas de TV ESPN e HBO, e os pugilistas tiveram perfis publicados na revista ""The Ring", a mais conceituada do boxe. ""Estou seguro de que os quatro [Lara, Solis, Gamboa e Barthelemy] são futuros campeões mundiais", disse Öner, que há algumas semanas confirmou que mantinha contato com Lara e Guillermo Rigondeaux, o outro pugilista cubano que tentou desertar no Rio.
""Não estou interessado em Rigondeaux. Ele tem o que, 26 anos? Está velho para as categorias menores de peso", ao aludir ao credo de que, quanto mais leve a categoria de peso, menor a vida útil do lutador.
O temor de mais deserções fez com que Cuba decidisse boicotar o Mundial amador de Chicago, em outubro passado.
Depois de voltar a Cuba sob circunstâncias suspeitas, que lembravam mais uma deportação do que um retorno por vontade própria, versão publicada pelo diário oficial ""Granma", Lara e Rigondeaux foram impedidos de boxear -não disputaram as seletivas olímpicas para os Jogos de Pequim-08.


Com agências internacionais

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