São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

Que metro mede Messi?


O talento é incomensurável, e o argentino prova que nada é mais democrático do que o futebol


OS NIGERIANOS que o digam: não há medida que meça a genialidade do pequeno craque.
Lionel Messi é a demonstração acabada do quanto o futebol é o mais democrático dos esportes.
A exemplo do que já ocorrera com Mané Garrincha e com Diego Maradona, para citar dois gênios.
O primeiro era uma improbabilidade física por ser geno valgo e geno varo, um joelho para dentro e o outro para fora.
Andar, para ele, já seria uma dificuldade. Correr, então, nem se fala. Jogar como jogou, só vendo.
E o segundo é baixinho, 1,65 m, gordinho, o biótipo que não permitiria que fosse um grande nadador, um bom corredor, um jogador de vôlei, que dirá de basquete. Mas que, como seu agora comandado do Barcelona, foi o número 1 no futebol.
Messi não foge à regra, com essa saudável mania de ir em direção ao gol, bola colada no pé, veloz, lépido, cabeça erguida porque não precisa olhar para a redonda que parece extensão do seu corpo. E há neurocientistas que garantem que é isso mesmo, o objeto passa a fazer parte, no caso, do pé do craque - pé de moleque que não só joga futebol como poucos mas também joga bola mesmo nesta Copa do Mundo, que deve tê-lo como seu maior nome, seja ou não campeão.
E muito porque não ganhou a Copa dos Campeões.
Quem se lembra do que houve com Zinedine Zidane, em 2002, e com Ronaldinho Gaúcho, em 2006, ambos campeões europeus pouco antes das Copas da Ásia e da Alemanha, ambos, então, o número 1 do mundo, há de entender que o desgaste físico em busca da conquista e o alívio psicológico por obter a taça foram fatores determinantes para o fiasco dos dois.
Quase aos 23 anos (completará no próximo dia 24), Messi não só é mais jovem do que eles eram (três anos menos que Ronaldinho e sete menos que Zidane) como não teve o relaxamento inevitável após grandes feitos, razão pela qual tem sede de ir ao pote africano.
De novo, os nigerianos que o digam. Três milagres impediram três gols dele. Passes, deu dois perfeitos. Dribles, vários. Toques sutis, uma infinidade, além da esperteza nos deslocamentos. Só faltou seu gol na boa vitória argentina por 1 a 0.
Ou não precisou.
Ah, sim, Messi mede 1,69 m.

blogdojuca@uol.com.br


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