São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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Cabeçada

Zidane pede desculpas, mas não se arrepende

Astro diz que quase socou a garganta de Materazzi pelas ofensas à mãe e à irmã

Francês, que tem convites de times da China, não foi assertivo sobre seu adeus do futebol e disse "esperar" que o ato de parar seja definitivo


DA REPORTAGEM LOCAL

Três dias após surpreender o planeta ao ser expulso na final da Copa do Mundo por agredir um adversário, o astro francês Zinedine Zidane pediu desculpas pela cabeçada no zagueiro italiano Materazzi, mas disse que não se arrepende do gesto.
"É algo que não se deve fazer, foi visto por 3 bilhões de pessoas no mundo todo, e especialmente por milhões de crianças. Por elas, eu peço desculpas", afirmou o ex-jogador em duas entrevistas, uma para a rede aberta "TF1" e outra para a emissora paga "Canal Plus".
O meia não aceitou que as declarações fossem transmitidas ao vivo, como inicialmente cogitavam os canais. Conseguiu negociar um pequeno atraso entre gravação e exibição.
Zidane foi sereno ao relembrar os momentos que antecederam a insólita agressão.
O francês disse que o italiano insultou sua mãe e sua irmã e confirmou que a rusga começou pouco antes da cabeçada, porque Materazzi segurava a sua camisa ostensivamente.
"Disse que após o jogo poderíamos trocar as camisas, e então ele falou palavras muito duras. Coisas graves que ele repetiu várias vezes", revelou.
Zidane -cuja mãe, Malika, estava hospitalizada no dia da decisão do Mundial alemão- disse que ficou tão transtornado ao ouvir os insultos que chegou a pensar em "dar um soco na garganta" no adversário.
"Não posso me arrepender do meu gesto, porque isso significaria que ele [Materazzi] teria razão de dizer tudo aquilo."
Entrevistada pelo jornal alemão "Bild", Malika Zidane deu razão ao filho e disse que, se o italiano a xingou, "só posso sentir desprezo" e "então quero seus testículos em um prato".
O tetracampeão negou que tenha ofendido a família de Zidane. "Não falei nada sobre raça, religião ou política. Não falei sobre a mãe dele também, nem sabia que ela estava no hospital. Espero que ela se recupere logo", afirmou Materazzi.
As declarações do defensor não chegaram a ser um desmentido porque foram feitas antes das entrevistas na TV francesa irem ao ar.
Nas duas aparições, o meia não deixou claro se realmente deixou o futebol, como havia anunciado que faria antes da Copa. Com a agressão, ele corre risco de ser suspenso entre quatro e seis partidas pela Fifa.
"Não vou voltar atrás. Pelo menos, eu espero que [a decisão de parar de jogar] seja definitiva", disse, dando margem a uma reviravolta. Ele tem convites de dois times chineses que querem usar sua imagem para alavancar o futebol no país.
A agressão também não significou perda financeira para Zidane. Todos os seus patrocinadores reafirmaram ontem que os contratos assinados com o astro continuam valendo.
Com a Adidas, fabricante de material esportivo, o francês tem contrato pelo menos até 2017, ou seja, mais de duas Copas. Com a italiana Danone, o contrato é um pouco mais curto -vai até 2014.


Com agências internacionais

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