|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com Engenhão vazio, boleiras goleiam Uruguai
Atletas temiam estádio lotado e pressão por jogar em casa,
mas partida atrai somente 10% da capacidadel da arena
Com João Havelange na
platéia, estréia do Brasil vira
passeio de aposentados e
adolescentes na maior obra
do Pan, que teve problemas
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O estádio não estava lotado
como as jogadores temiam.
Com o Engenhão vazio, a seleção goleou, com facilidade, o
Uruguai por 4 a 0, na partida
que virou um passeio de aposentados e adolescentes no Engenhão. O jogo abriu a participação brasileira no Pan, um dia
antes da cerimônia de abertura.
Presenciados por somente
4.522 torcedores, os gols foram
marcados pela volante Daniela
Alves (dois), pela lateral Rosane e pela atacante Cristiane.
"Apesar de ter vindo apenas
este pouquinho de gente, jogar
aqui sempre é diferente. Nossos amigos estavam nos vendo,
e você fica sempre preocupada
em fazer uma coisa boa, algo
ainda melhor. O importante é
que a pressão não foi tão grande, e saímos daqui com a vitória", disse a meia Formiga, 29.
Na véspera da estréia, as jogadoras não escondiam que poderiam sentir a pressão por jogar em casa, caso o estádio estivesse lotado, o que não aconteceu ontem. Com o futebol feminino sem popularidade no país,
as atletas, muitas medalha de
prata na última Olimpíada, jogaram poucas vezes com um
estádio cheio no Brasil.
O Engenhão tem capacidade
para 45 mil pessoas.
O esforço das brasileiras em
campo animou a torcida. "Como adoro futebol e moro próximo, aproveitei a tarde para ver
pela primeira vez as mulheres
jogarem bola. Adorei. Foi bem
melhor do que ficar em casa jogando baralho no computador,
o que sempre faço de tarde",
disse o servidor público aposentado Hugo Alves Filho, 73,
com faixa verde-e-amarela na
cabeça e camisa da seleção.
"Não gosto de confusão. Por
isto, escolhi vir a este jogo vazio
para matar a minha curiosidade sobre o Engenhão, que é
realmente lindo", disse a aposentada Sebastiana Leandro,
73, que viu a partida ao lado do
irmão, Valdir Leandro, 77.
O jogo foi assistido por João
Havelange, ex-presidente da
Fifa, que deu o nome oficial ao
estádio olímpico.
Principal obra construída para o Pan, o Engenhão custou
cerca de R$ 380 milhões aos cofres da Prefeitura do Rio -cerca de seis vezes mais do que o
previsto inicialmente.
A arena foi inaugurada há
menos de duas semanas.
Apesar de moderno, o estádio apresentou ontem algumas
falhas -o sistema de som não
funcionou, nem o hino dos dois
países tocou, a maioria das lojas
não funcionou e um dos portões de acesso ficou fechado,
entre outras gafes.
"Xinguei o juiz, vi as pernas
da mulherada do Uruguai, que
são mais bonitas, e ainda azarei
umas vizinhas. Valeu a pena",
afirmou Carlos Magno, 19, ao
lado de oito amigos. Todos vizinhos do estádio.
Na outra partida disputada
ontem no Engenhão, os EUA
golearam o Paraguai, por 7 a 1.
Texto Anterior: Substância é o doping do momento Próximo Texto: Reforço: Marta deve pegar Jamaica Índice
|