São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Com Engenhão vazio, boleiras goleiam Uruguai

Atletas temiam estádio lotado e pressão por jogar em casa, mas partida atrai somente 10% da capacidadel da arena

Com João Havelange na platéia, estréia do Brasil vira passeio de aposentados e adolescentes na maior obra do Pan, que teve problemas


SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O estádio não estava lotado como as jogadores temiam. Com o Engenhão vazio, a seleção goleou, com facilidade, o Uruguai por 4 a 0, na partida que virou um passeio de aposentados e adolescentes no Engenhão. O jogo abriu a participação brasileira no Pan, um dia antes da cerimônia de abertura.
Presenciados por somente 4.522 torcedores, os gols foram marcados pela volante Daniela Alves (dois), pela lateral Rosane e pela atacante Cristiane.
"Apesar de ter vindo apenas este pouquinho de gente, jogar aqui sempre é diferente. Nossos amigos estavam nos vendo, e você fica sempre preocupada em fazer uma coisa boa, algo ainda melhor. O importante é que a pressão não foi tão grande, e saímos daqui com a vitória", disse a meia Formiga, 29.
Na véspera da estréia, as jogadoras não escondiam que poderiam sentir a pressão por jogar em casa, caso o estádio estivesse lotado, o que não aconteceu ontem. Com o futebol feminino sem popularidade no país, as atletas, muitas medalha de prata na última Olimpíada, jogaram poucas vezes com um estádio cheio no Brasil.
O Engenhão tem capacidade para 45 mil pessoas.
O esforço das brasileiras em campo animou a torcida. "Como adoro futebol e moro próximo, aproveitei a tarde para ver pela primeira vez as mulheres jogarem bola. Adorei. Foi bem melhor do que ficar em casa jogando baralho no computador, o que sempre faço de tarde", disse o servidor público aposentado Hugo Alves Filho, 73, com faixa verde-e-amarela na cabeça e camisa da seleção.
"Não gosto de confusão. Por isto, escolhi vir a este jogo vazio para matar a minha curiosidade sobre o Engenhão, que é realmente lindo", disse a aposentada Sebastiana Leandro, 73, que viu a partida ao lado do irmão, Valdir Leandro, 77.
O jogo foi assistido por João Havelange, ex-presidente da Fifa, que deu o nome oficial ao estádio olímpico.
Principal obra construída para o Pan, o Engenhão custou cerca de R$ 380 milhões aos cofres da Prefeitura do Rio -cerca de seis vezes mais do que o previsto inicialmente.
A arena foi inaugurada há menos de duas semanas.
Apesar de moderno, o estádio apresentou ontem algumas falhas -o sistema de som não funcionou, nem o hino dos dois países tocou, a maioria das lojas não funcionou e um dos portões de acesso ficou fechado, entre outras gafes.
"Xinguei o juiz, vi as pernas da mulherada do Uruguai, que são mais bonitas, e ainda azarei umas vizinhas. Valeu a pena", afirmou Carlos Magno, 19, ao lado de oito amigos. Todos vizinhos do estádio.
Na outra partida disputada ontem no Engenhão, os EUA golearam o Paraguai, por 7 a 1.


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