São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Grampo revela esquema para time evitar Série B

Escuta telefônica aponta supostos acertos financeiros para salvar Corinthians

Denúncia do Ministério Público Federal registra também conversas sobre pagamentos feitos fora do país para jogadores do time


DA REPORTAGEM LOCAL
E DO PAINEL FC

Os grampos telefônicos de conversas entre integrantes das cúpulas do Corinthians e da MSI revelaram conversas sobre um suposto esquema financeiro para impedir que o clube fosse rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro.
Na denúncia feita pelo Ministério Público Federal, o tópico é abordado, mas não há mais detalhes -o monitoramento está sob segredo de Justiça. Como o caso é da alçada estadual, os procuradores da República irão enviar os resultados das interceptações ao Ministério Público paulista.
"No telefone, conspira-se muito. Preparam-se crimes que nem sempre são executados, mas há indícios", afirmou o procurador da República Rodrigo de Grandis.
No ano passado, o Corinthians esteve ameaçado de cair para a segunda divisão do Nacional até seis rodadas antes do fim do campeonato.
A Folha telefonou ontem para Rubens Approbato Machado, presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), mas não o localizou.
Além do suposto acerto para evitar o rebaixamento, as conversas telefônicas revelam negociações de jogadores com remessas ilegais de dinheiro do exterior para o Brasil e vice-versa, com sonegação de tributos e pagamento de propinas.
Numa das conversas, um homem não identificado diz ao empresário Renato Duprat que vai comprar quatro times no Brasil para lavar dinheiro.
Em outra, há a revelação de que o meia Carlos Alberto recebe US$ 160 mil, "metade no Brasil e metade fora".
O meio-campista Ricardinho também aparece nas gravações negociando receber US$ 1,1 milhão fora do país, cuja transação seria confirmada pelo advogado Alexandre Verri, que segundo a procuradoria é um dos arquitetos das operações financeiras da MSI.
O conselheiro de oposição Andrés Sanches também aparece nas gravações. Em conversa com interlocutor não identificado, afirma que, "se o país fosse sério, Dualib seria preso devido ao acordo com o Marcelinho" e que para "fazer caixa é preciso fazer rolo".
O meia Marcelinho teve passagem apagada dentro de campo no ano passado, mas polêmica fora dele. Chegou devendo R$ 8 milhões ao Corinthians. Ao ser dispensado saiu como credor em R$ 2 milhões.
O presidente corintiano já esteve envolvido num escândalo de arbitragem. Em 1997 gravações de telefonemas flagraram Ivens Mendes, então chefe da arbitragem na CBF, barganhando favorecimento em troca de apoio financeiro para sua campanha a deputado federal. Alberto Dualib teria oferecido R$ 100 mil ("um, zero, zero", na gravação). O STJD condenou por unanimidade o cartola a dois anos de suspensão, nunca cumprida.0 (EDUARDO ARRUDA, PAULO GALDIERI E RICARDO PERRONE)


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