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Grampo revela esquema para time evitar Série B
Escuta telefônica aponta supostos acertos financeiros para salvar Corinthians
Denúncia do Ministério Público Federal registra também conversas sobre pagamentos feitos fora do país para jogadores do time
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO PAINEL FC
Os grampos telefônicos de
conversas entre integrantes
das cúpulas do Corinthians e da
MSI revelaram conversas sobre um suposto esquema financeiro para impedir que o clube
fosse rebaixado à Série B do
Campeonato Brasileiro.
Na denúncia feita pelo Ministério Público Federal, o tópico é abordado, mas não há
mais detalhes -o monitoramento está sob segredo de Justiça. Como o caso é da alçada
estadual, os procuradores da
República irão enviar os resultados das interceptações ao Ministério Público paulista.
"No telefone, conspira-se
muito. Preparam-se crimes
que nem sempre são executados, mas há indícios", afirmou o
procurador da República Rodrigo de Grandis.
No ano passado, o Corinthians esteve ameaçado de cair
para a segunda divisão do Nacional até seis rodadas antes do
fim do campeonato.
A Folha telefonou ontem para Rubens Approbato Machado, presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), mas não o localizou.
Além do suposto acerto para
evitar o rebaixamento, as conversas telefônicas revelam negociações de jogadores com remessas ilegais de dinheiro do
exterior para o Brasil e vice-versa, com sonegação de tributos e pagamento de propinas.
Numa das conversas, um homem não identificado diz ao
empresário Renato Duprat que
vai comprar quatro times no
Brasil para lavar dinheiro.
Em outra, há a revelação de
que o meia Carlos Alberto recebe US$ 160 mil, "metade no
Brasil e metade fora".
O meio-campista Ricardinho
também aparece nas gravações
negociando receber US$ 1,1 milhão fora do país, cuja transação seria confirmada pelo advogado Alexandre Verri, que
segundo a procuradoria é um
dos arquitetos das operações
financeiras da MSI.
O conselheiro de oposição
Andrés Sanches também aparece nas gravações. Em conversa com interlocutor não identificado, afirma que, "se o país
fosse sério, Dualib seria preso
devido ao acordo com o Marcelinho" e que para "fazer caixa é
preciso fazer rolo".
O meia Marcelinho teve passagem apagada dentro de campo no ano passado, mas polêmica fora dele. Chegou devendo R$ 8 milhões ao Corinthians. Ao ser dispensado saiu
como credor em R$ 2 milhões.
O presidente corintiano já
esteve envolvido num escândalo de arbitragem. Em 1997 gravações de telefonemas flagraram Ivens Mendes, então chefe
da arbitragem na CBF, barganhando favorecimento em troca de apoio financeiro para sua
campanha a deputado federal.
Alberto Dualib teria oferecido
R$ 100 mil ("um, zero, zero",
na gravação). O STJD condenou por unanimidade o cartola
a dois anos de suspensão, nunca cumprida.0
(EDUARDO ARRUDA, PAULO GALDIERI E RICARDO PERRONE)
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