São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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TIRO COM ARCO

Após herdar vaga há um mês, atleta adiou casamento para competir na Grécia

Arqueira alemã entra para a história ao buscar o ouro à beira do parto

MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A arqueira alemã Cornelia Pfohl, 33, entrou ontem para a história olímpica. Menos pela sua performance na fase preliminar do tiro com arco. Mais por ter participado dos Jogos de Atenas grávida de sete meses e meio.
Disputar uma Olimpíada esperando um bebê não é algo novo para a atleta. Em Sydney-2000, ela ainda não sabia, mas já estava grávida de sua filha, Mara, 3. Pfohl, que carrega uma medalha de bronze e uma de prata por equipe em sua bagagem, disputa sua quarta edição dos Jogos.
Os registros não revelam outra atleta que tenha entrado em uma disputa olímpica no terceiro trimestre de gravidez. "Senti-me confortável neste primeiro dia", diz Pfohl, que conseguiu a 18º melhor marca na disputa individual.
Ontem foram definidos as parcerias para as disputas, que serão no sistema mata-mata e começam para valer no dia 15.
"Posso fazer quase tudo normalmente. Não posso correr e não posso nadar. Mas não há nada que atrapalhe a minha performance esportiva", afirmou.
A cada tiro, ela concentra no braço um peso equivalente a 16 kg, até que a flecha seja liberada. Em média, cem flechas serão disparadas por dia. O braço não dói? Não. A mão não fica inchada? Não. Sente tontura, a gravidez ou qualquer outra coisa? Nada.
Ela é soldado (deslocada para a área técnica) em Berlim e só soube que estaria nos Jogos no mês passado. Uma atleta desistiu de ir, e os alemães herdaram a vaga.
Diz ela que, de maneira prática, a classificação a obrigou a adiar o casamento com Stefan Griem, com quem já vive junto. A cerimônia seria neste mês, mas deve ficar para depois do nascimento de seu filho, que ainda não tem nome. Griem também é arqueiro, mas não disputará os Jogos. A alemã disse se sentir confortável na Vila Olímpica. "Acho que está melhor do que em Sydney."
Ela não quis fazer nenhum pedido especial à delegação alemã. Afirma só que precisa se alimentar bem, descansar bem e estar concentrada, como qualquer outra atleta. E que tem tudo isso em Atenas, cidade que não conhecia.
"É emocionante poder participar de novo da Olimpíada e estar esperando uma criança", afirma. Se tivesse que colocar os dois sentimentos em uma escala, disse que sua prioridade é o filho.
Aproveita para ressaltar que a gravidez não deve tirar o foco de seu objetivo, que é a conquista de uma medalha. A aposta dela é na formação por equipe. "Eu acredito que a Alemanha é melhor nessa competição." Se conseguir, superará o feito da americana Juno Irwin, que, grávida de quatro meses, foi bronze nos saltos ornamentais em Helsinque-52.


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