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TIRO COM ARCO
Após herdar vaga há um mês, atleta adiou casamento para competir na Grécia
Arqueira alemã entra para a história ao buscar o ouro à beira do parto
MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
A arqueira alemã Cornelia
Pfohl, 33, entrou ontem para a
história olímpica. Menos pela sua
performance na fase preliminar
do tiro com arco. Mais por ter
participado dos Jogos de Atenas
grávida de sete meses e meio.
Disputar uma Olimpíada esperando um bebê não é algo novo
para a atleta. Em Sydney-2000, ela
ainda não sabia, mas já estava grávida de sua filha, Mara, 3. Pfohl,
que carrega uma medalha de
bronze e uma de prata por equipe
em sua bagagem, disputa sua
quarta edição dos Jogos.
Os registros não revelam outra
atleta que tenha entrado em uma
disputa olímpica no terceiro trimestre de gravidez. "Senti-me
confortável neste primeiro dia",
diz Pfohl, que conseguiu a 18º melhor marca na disputa individual.
Ontem foram definidos as parcerias para as disputas, que serão
no sistema mata-mata e começam para valer no dia 15.
"Posso fazer quase tudo normalmente. Não posso correr e
não posso nadar. Mas não há nada que atrapalhe a minha performance esportiva", afirmou.
A cada tiro, ela concentra no
braço um peso equivalente a 16
kg, até que a flecha seja liberada.
Em média, cem flechas serão disparadas por dia. O braço não dói?
Não. A mão não fica inchada?
Não. Sente tontura, a gravidez ou
qualquer outra coisa? Nada.
Ela é soldado (deslocada para a
área técnica) em Berlim e só soube que estaria nos Jogos no mês
passado. Uma atleta desistiu de ir,
e os alemães herdaram a vaga.
Diz ela que, de maneira prática,
a classificação a obrigou a adiar o
casamento com Stefan Griem,
com quem já vive junto. A cerimônia seria neste mês, mas deve
ficar para depois do nascimento
de seu filho, que ainda não tem
nome. Griem também é arqueiro,
mas não disputará os Jogos. A alemã disse se sentir confortável na
Vila Olímpica. "Acho que está
melhor do que em Sydney."
Ela não quis fazer nenhum pedido especial à delegação alemã.
Afirma só que precisa se alimentar bem, descansar bem e estar
concentrada, como qualquer outra atleta. E que tem tudo isso em
Atenas, cidade que não conhecia.
"É emocionante poder participar de novo da Olimpíada e estar
esperando uma criança", afirma.
Se tivesse que colocar os dois sentimentos em uma escala, disse
que sua prioridade é o filho.
Aproveita para ressaltar que a
gravidez não deve tirar o foco de
seu objetivo, que é a conquista de
uma medalha. A aposta dela é na
formação por equipe. "Eu acredito que a Alemanha é melhor nessa
competição." Se conseguir, superará o feito da americana Juno Irwin, que, grávida de quatro meses, foi bronze nos saltos ornamentais em Helsinque-52.
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