São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2010

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SP-2016

Paulistas dominam delegação nos Jogos da Juventude de Cingapura; sede olímpica, Rio tem só nove competidores no grupo

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA

O Rio de Janeiro, sede da Olimpíada de 2016, está longe de ser o principal formador de talentos do Brasil.
Pelo menos é essa a tendência apontada levando-se em consideração a delegação brasileira que disputará os Jogos Olímpicos da Juventude, cuja primeira edição terá abertura oficial amanhã, em Cingapura. Os competidores do evento têm entre 14 e 18 anos e, em 2016, estarão na faixa etária de 20 a 24.
Em um levantamento feito pela Folha, que levou em conta o local de nascimento dos 85 representantes brasileiros na Olimpíada teen, somente nove atletas -ou pouco mais que 10%- são originários do Estado fluminense, cuja capital se prepara para organizar uma Olimpíada.
Na Olimpíada de Pequim- -2008, a representatividade do Rio era maior, formando 14% da delegação brasileira. Em Cingapura, o domínio dos paulistas é grande. São Paulo terá mais que o quádruplo de atletas do Rio.
A geração fluminense de 2016 ainda não se beneficiou do legado deixado pelo Pan do Rio, realizado em 2007. A maioria deles não treina nas instalações esportivas construídas para o evento, cujo custo foi de R$ 3,7 bilhões.
Nos Jogos da Juventude, não haverá fluminenses no atletismo ou natação, apesar de o Rio ter herdado do Pan a melhor pista (do Engenhão) e o melhor parque aquático do país (Maria Lenk).
"Eu não sei dizer qual é o problema, se é falta de investimento ou de estrutura... Mas tem que ver o que é. Imagine ter uma Olimpíada no Rio com poucos cariocas?", questiona Ana Paula Fernandes, que é treinadora de saltos ornamentais.
Para os Jogos, ela convocou um carioca de nascimento, Pedro Amorim, e uma "carioca" de formação: Nicole Cruz, nascida em Manaus.
Não é uma coincidência. Ana Paula costuma garimpar talentos no Flamengo e reconhece as dificuldades de observar em outras regiões.
"Belém é uma fábrica de talentos dos saltos ornamentais que não está sendo aproveitada. Mas a gente está muito longe de lá", diz.
A mesma dificuldade teve Ivan Maziero, o Macarrão, técnico da seleção masculina cadete de handebol, única modalidade coletiva que o Brasil disputa em Cingapura.
Seu objetivo era observar atletas em todas as regiões do país. Naufragou justamente na sede de 2016.
No fim de 2009, Macarrão marcou uma fase de treinos no Rio para observar atletas. Segundo ele, a federação local cancelou o compromisso. "Disseram que cancelariam porque o alojamento para os atletas seria cobrado."
Resultado: nenhum atleta fluminense conseguiu vaga na seleção para Cingapura.


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