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SP-2016
Paulistas dominam delegação nos Jogos da Juventude de Cingapura; sede olímpica, Rio tem só nove competidores no grupo
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA
O Rio de Janeiro, sede da
Olimpíada de 2016, está longe de ser o principal formador de talentos do Brasil.
Pelo menos é essa a tendência apontada levando-se
em consideração a delegação
brasileira que disputará os
Jogos Olímpicos da Juventude, cuja primeira edição terá
abertura oficial amanhã, em
Cingapura. Os competidores
do evento têm entre 14 e 18
anos e, em 2016, estarão na
faixa etária de 20 a 24.
Em um levantamento feito
pela Folha, que levou em
conta o local de nascimento
dos 85 representantes brasileiros na Olimpíada teen, somente nove atletas -ou pouco mais que 10%- são originários do Estado fluminense,
cuja capital se prepara para
organizar uma Olimpíada.
Na Olimpíada de Pequim-
-2008, a representatividade
do Rio era maior, formando
14% da delegação brasileira.
Em Cingapura, o domínio
dos paulistas é grande. São
Paulo terá mais que o quádruplo de atletas do Rio.
A geração fluminense de
2016 ainda não se beneficiou
do legado deixado pelo Pan
do Rio, realizado em 2007. A
maioria deles não treina nas
instalações esportivas construídas para o evento, cujo
custo foi de R$ 3,7 bilhões.
Nos Jogos da Juventude,
não haverá fluminenses no
atletismo ou natação, apesar
de o Rio ter herdado do Pan a
melhor pista (do Engenhão)
e o melhor parque aquático
do país (Maria Lenk).
"Eu não sei dizer qual é o
problema, se é falta de investimento ou de estrutura...
Mas tem que ver o que é.
Imagine ter uma Olimpíada
no Rio com poucos cariocas?", questiona Ana Paula
Fernandes, que é treinadora
de saltos ornamentais.
Para os Jogos, ela convocou um carioca de nascimento, Pedro Amorim, e uma "carioca" de formação: Nicole
Cruz, nascida em Manaus.
Não é uma coincidência.
Ana Paula costuma garimpar
talentos no Flamengo e reconhece as dificuldades de observar em outras regiões.
"Belém é uma fábrica de
talentos dos saltos ornamentais que não está sendo aproveitada. Mas a gente está
muito longe de lá", diz.
A mesma dificuldade teve
Ivan Maziero, o Macarrão,
técnico da seleção masculina
cadete de handebol, única
modalidade coletiva que o
Brasil disputa em Cingapura.
Seu objetivo era observar
atletas em todas as regiões
do país. Naufragou justamente na sede de 2016.
No fim de 2009, Macarrão
marcou uma fase de treinos
no Rio para observar atletas.
Segundo ele, a federação local cancelou o compromisso.
"Disseram que cancelariam
porque o alojamento para os
atletas seria cobrado."
Resultado: nenhum atleta
fluminense conseguiu vaga
na seleção para Cingapura.
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