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LEGISLAÇÃO
Projeto de lei prevê ainda fim do pedágio cobrado por empresários
Argentina propõe isenção
para criar o clube-empresa
das agências internacionais
A ala governista do Senado da
Argentina apresentou ontem em
Buenos Aires projeto de lei que estabelece regras para a transformação dos clubes de futebol em sociedades anônimas.
Segundo o projeto, apresentado
pelo senador Augusto Alasino, as
chamadas Sociedades Anônimas
Desportivas (SAD) funcionariam
nos moldes do futebol europeu.
Caso seja aprovada, a lei estabelecerá limites para os contratos
entre entidades esportivas e empresas privadas e regulamentará a
elaboração de contratos de jogadores profissionais, praticamente
eliminando o pedágio dos intermediários, que ficariam proibidos
de cobrar comissão por seus serviços de agenciamento de atletas.
Para incentivar a criação das
SAD, o governo propõe uma isenção fiscal de cinco meses aos clubes a partir da aprovação da lei.
Clubes endividados, segundo o
projeto, deverão cumprir suas
obrigações antes de se tornarem
empresas. Outra exigência será as
agremiações darem prioridade para seus próprios associados na
oferta de ações.
Segundo o texto apresentado pelo governo, os sócios teriam 60
dias e duas chamadas, uma a cada
30 dias, para aceitar ou não a aquisição das ações. Apenas depois, as
mesmas passariam a ser negociadas livremente na Bolsa de Valores
argentina.
O projeto prevê ainda que apenas pessoas físicas de nacionalidade argentina poderão ser acionistas dos clubes. Também podem
comprar ações pessoas jurídicas
públicas e privadas constituídas e
registradas no país.
A restrição, no caso, é que no
máximo 20% do capital social da
empresa interessada tenha participação estrangeira e que seus membros sejam identificáveis.
A lei limita ainda os contratos de
clubes, SAD, ligas, federações e associações com empresas privadas,
no intuito de evitar abusos de poder econômico ou a violação da legislação argentina.
Outro ponto curioso do projeto
é que os contratos teriam duração
padronizada de um ano, sendo fiscalizados pela Secretaria de Desportes da Nação, que controla o
esporte no país.
Contratos de jogadores profissionais sofreriam ainda mais restrições. Eles só poderiam ser celebrados entre jogadores e clubes;
jogadores e SAD; jogadores, clubes e SAD.
A intervenção de associação ou
federação esportiva correspondente também seria aceita.
Ponto da lei que promete gerar
polêmica, a ação dos intermediários nas negociações entre atletas e
dirigentes, é praticamente anulada
pelo projeto governista.
Segundo o texto apresentado pelo senador Alasino, os intermediários, com a lei aprovada, "podem
atuar apenas na aproximação das
partes, não podendo cobrar comissão nem retribuição alguma
por essa atividade".
Ou seja, a cobrança de pedágio,
prática comum não apenas no futebol argentino, mas também no
brasileiro, seria coibida.
Em caso de violação desse item,
a lei prevê que a Secretaria de Desportes teria poderes para dissolver
o contrato atuando por ofício, ou
seja, sem depender da Justiça.
Passe livre
Outro golpe nos empresários de
futebol previsto na lei é o passe livre. Qualquer jogador que "pertença" a alguma pessoa física será
liberado automaticamente no momento da aprovação da lei.
Os autores do projeto não esclareceram como fica a situação de
empresários que atuam em associação com clubes, prática comum
no futebol sul-americano.
Aparentemente, o governo argentino acredita que transformando-se em sociedades anônimas os
clubes, respondendo então à Receita Federal argentina, passem a
ter suas finanças controladas.
Dessa forma, os clubes teriam
mais dificuldade para ocultar o
pagamento de propinas, comissões e pedágios na negociação
com empresários de jogadores.
O projeto de lei encontra o futebol argentino em um momento
delicado. No momento, 18 dos 20
clubes da primeira divisão estão
no vermelho. Somadas, as dívidas
chegam a US$ 226 milhões.
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