São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2000

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NEGÓCIOS
Milícia vai fiscalizar marketing olímpico


Estudantes terão apoio da polícia para impedir propaganda nos Jogos


DO ENVIADO A SYDNEY

As preocupações do Socog (comitê organizador dos Jogos) extrapolaram o item segurança. Os australianos resolveram agora proibir qualquer manifestação de marketing que confronte os patrocinadores oficiais dos Jogos.
Não por acaso. Juntas, as gigantes Coca-Cola, IBM e Visa pagam US$ 1,25 bilhão para associarem suas marcas ao COI (Comitê Olímpico Internacional) e, consequentemente, à Olimpíada.
Pelos contratos, até mesmo uma empresa de fundo de quintal fica proibida de fazer uso de palavras ou expressões como ""Sydney 2000" e ""Olympic" -direito reservado aos parceiros oficiais. A companhia aérea Ansett, por exemplo, que firmou contrato de US$ 50 milhões, está processando a rival Qantas por veicular propaganda alusiva ao evento olímpico.
Disposto a levar à risca o compromisso, o Socog montou uma milícia formada por 60 estudantes de direito. Eles têm como missão fiscalizar os espectadores em todas as áreas de competição -no Parque Olímpico ou nos ""satélites", como Rushcutters Bay, que abriga a disputa do iatismo.
A propaganda está vetada em camisetas, bonés, faixas e bandanas. A proibição não se aplica só aos símbolos olímpicos.
Se obtiver sucesso, o plano tornará impossível a repetição de cenas como nas partidas da seleção masculina de vôlei, em 1992, quando o Banco do Brasil contratou torcedores profissionais em Barcelona. Na final, contra a Holanda, até o diretor norte-americano Spike Lee entrou na torcida.
Patrocinador da Confederação Brasileira de Vôlei e do tenista Gustavo Kuerten, desta vez o banco distribuirá camisetas à torcida.
Para não bater de frente com o COI, elas trarão um coração e a mensagem ""Torcida Brasil". Mesmo assim, os brasileiros vestidos dessa forma correm o risco de nem chegar às arquibancadas.
""Não queremos incomodar as pessoas, mas não aceitaremos grupos usando roupas com a mesma mensagem", disse John Hopkins, responsável pela proteção de marcas no Socog.
Segundo ele, a milícia está orientada a pedir ""gentilmente" para que retirem o material, informando-as que podem sofrer uma ação legal. Se houver recusa, os estudantes terão o apoio de policiais para que o espectador deixe o local. (JOSÉ ALAN DIAS)


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