São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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CBG nega omissão no caso Jade e pede exame

Presidente da entidade diz que ginasta só volta à seleção com atestado médico

Mário Namba diz que não prescreveu doses excessivas de remédio à atleta nos Jogos e suspendeu o uso assim que soube da restrição da Anvisa


Leandro Taques/Folha Imagem
Mário Namba, médico da Confederação Brasileira de Ginástica

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A direção da Confederação Brasileira de Ginástica negou ontem ter agido com negligência e omissão no caso da lesão da ginasta Jade Barbosa no mês passado, durante a Olimpíada.
A presidente, Vicélia Florenzano, a supervisora da seleção, Eliane Martins, e o coordenador do departamento médico da CBG, Mário Namba, contestaram as informações da ginasta e do pai dela, César Barbosa.
Jade disse que competiu no sacrifício nos Jogos, devido a séria lesão no punho direito. E que foi proibida de beber água e ainda consumiu, a mando de Namba, altas doses de um antiinflamatório proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Prexige, que deixou de ser vendido em julho deste ano no mundo todo.
Vicélia disse que Jade teve todo o acompanhamento médico previsto a atletas da seleção. E que todos os problemas da lesão foram examinados e tratados logo que a ginasta os relatava. A dirigente ainda declarou que Jade só volta à seleção com "atestado médico de que está apta a treinar e competir".
Namba confirmou que Jade relatou em dezembro de 2007, após evento em Foz do Iguaçu, ter sentido dor no pulso direito. Segundo ele, a atleta saiu de férias após isso e, ao retornar a Curitiba, em 7 de janeiro, ainda se queixava de dores.
Ele disse que o tratamento foi feito à base de repouso e fisioterapia na região lesionada, com uso de antiinflamatórios e analgésicos. Em 15 de janeiro, ainda com as dores, a ginasta fez um exame de imagem.
Namba disse nesse momento diagnosticou que a atleta sofria de "osteonecrose do capitado". O capitado é o maior osso do punho, e a osteonecrose ocorre quando uma região óssea sofre falta de irrigação sangüínea.
"É uma situação rara. Não há artigo médico publicado na literatura nacional nos últimos dez anos e há só 20 textos na literatura mundial", disse Namba, alegando que não há medida padrão para combater a lesão. Nesse caso, os médicos optam por tratamentos conservadores, como fisioterapia e à base de medicamentos, ou cirurgia.
"Optamos pelo tratamento conservador, e a atleta reagiu bem", disse o médico. Sob tratamento, Jade ficou fora da American Cup, em Nova York, em março, para se recuperar.
Jade voltou a atuar em abril, vencendo provas em torneios em Belarus e na Rússia. Depois, segundo o médico e as dirigentes da CBG, Jade não fez qualquer menção de dor no pulso.
Namba negou ter dado medicação em excesso à ginasta. "Já fiz parte de grupos de estudo e sei a quantidade certa." Segundo ele, o veto ao Prexige ocorreu logo que a equipe foi ao Japão, em julho. Namba disse que soube da proibição em Pequim e suspendeu o remédio.


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