São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2011

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Grife não resolve

Torcida picha muro e pede a saída de Scolari, que, com campanha irregular, deixa de ser incontestável e vira mais um supertécnico a sofrer no Palmeiras

DE SÃO PAULO

Na derrota para o Internacional, anteontem, um palmeirense pedia, aos gritos, a saída do técnico Luiz Felipe Scolari. Ninguém apoiava nem defendia o treinador.
Pouco depois, outro torcedor, ou um grupo deles, pichou o muro do Palestra Itália. Com as tradicionais críticas à diretoria e ao time, surgiu a frase: "Fora Felipão".
É fato que Scolari prossegue como ídolo da maioria da torcida. Mas também é fato que, pela primeira vez, o técnico deixou de ser incontestável entre os palmeirenses.
O treinador sofre desgaste similar ao de outros supertécnicos do Palmeiras. O time é o único já dirigido por Vanderlei Luxemburgo, Muricy Ramalho e Scolari, treinadores de altos salários e sempre cotados para a seleção.
Todos estiveram no clube nos últimos quatro anos. Mas a equipe só ganhou um Paulista, em 2008.
Luxemburgo foi demitido em 2009, e Muricy, no ano passado.
Scolari passou a ser questionado pela campanha só razoável no Brasileiro, em que ocupa a oitava posição.
No Palmeiras há pouco mais de um ano, o treinador obteve 55,5% dos pontos desde que chegou ao clube, em um total de 81 jogos.
Seu desempenho supera o de Muricy, que conquistou menos da metade dos pontos disputados, com 49,1% de aproveitamento. Dirigiu o time por somente 34 partidas.
Luxemburgo foi o melhor. Teve um aproveitamento de 62,1% em sua última passagem pelo clube, de um ano e meio, encerrada com uma briga com a antiga diretoria.
Além da torcida, os treinadores também sofreram pressões internas e externas.
Luxemburgo brigou com uma torcida organizada, Muricy era criticado por conselheiros, e Scolari, agora, conta com desafetos até na própria diretoria palmeirense.
E, anteontem, o técnico já previa a pressão sobre ele.
"Vamos ter faixas e muros pintados, o que é normal para todos os clubes. Vamos ter que conviver com isso", declarou Scolari, que assumiu ser responsável pela má fase.
Se a torcida está revoltada com os resultados, as críticas ao técnico no clube também se devem a seu alto salário, contratações equivocadas e brigas com jornalistas.
Essa oposição dentro do Palmeiras irrita Scolari, que pediu para que sua milionária multa rescisória seja retirada do contrato. Declarou que, assim, se uma das partes ficar insatisfeita, poderia rompê-lo sem custos.
Mas, por enquanto, o presidente palmeirense, Arnaldo Tirone, rechaçou a mudança contratual e negou qualquer possibilidade de que o técnico vá embora.
Resta saber por quanto tempo Scolari vai resistir em um clube acostumado a derrubar supertécnicos.


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