São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Lata de leite com areia, falsificação e bilhete encalhado sinalizam prejuízo

Seleção corre risco de virar "ouro de tolo" em Alagoas

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Torcedores trocam leite em pó por ingresso para ver o Brasil treinar, em iniciativa que registrou falsificações de bilhetes e latas com areia


DO ENVIADO A MACEIÓ

Um jogo da seleção brasileira. Para muitos, isso é sinônimo de lucro certo, mas não é o que acontece com os organizadores do jogo entre Brasil e Colômbia.
Com um estádio pequeno e ingressos que assustaram os torcedores pelo preço, o jogo pode se tornar um mico financeiro para a Federação Alagoana de Futebol. Mas não é esse o único problema.
Um programa criado para arrecadar leite em pó para 32 entidades filantrópicas de Maceió acabou mal. Para ganhar um ingresso para os treinos, o torcedor deveria levar uma lata de leite em pó.
Muita gente falsificou as entradas, e outras fizeram ainda pior. Foram apreendidos quatro latas em que, no lugar de leite, havia areia e farinha. A esperteza de alguns fez com que as filas nos postos de troca aumentasse, já que os organizadores abriam todas as embalagens para se certificar da autenticidade do produto.
"Ainda não sabemos se teremos lucro. É muita despesa com alojamento e traslados", afirma Raimundo Soares, presidente da entidade estadual. Somente o hotel da seleção tem uma tarifa normal de quase R$ 400 por quarto, e a delegação é composta por quase 40 pessoas.
Até a tarde de ontem, mais de 2.000 ingressos ainda sobravam nas bilheterias -pouco mais de 20 mil foram postos à venda. "O feriado atrapalhou, mas vamos esgotar as entradas", diz Soares.
O cartola calcula que a arrecadação ultrapassará R$ 1 milhão, graças ao salgado preço de R$ 80 da maioria dos bilhetes.
O prejuízo só já não é certo porque quem bancou as reformas no Rei Pelé foi o governo de Alagoas. Foram gastos R$ 600 mil para reformar arquibancadas e o gramado, mas a verba não foi suficiente para numerar os lugares, como manda o Estatuto do Torcedor.
Também nos treinos a lotação não foi total. Para cada dia foram colocados à disposição dos torcedores 15 mil entradas, mas pelo menos 20% delas encalharam.
Com a opção de espalhar os jogos das eliminatórias por todo o país, a seleção é hoje muito mais popular como visitante.
Fora do Brasil, a média de público supera os 50 mil por jogo. Em casa, esse número cairá para menos de 30 mil depois do confronto em Alagoas diante da Colômbia.
Mesmo com um público menor do que está acostumada, a seleção espera um público exigente. "No Brasil, a torcida sempre espera o melhor futebol do mundo", diz o atacante Ronaldo. (PAULO COBOS)


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