São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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POLÍTICA

Despesas do Esporte para utilizar navio de luxo em Atenas são superadas por viagens a Roma e à Paraolimpíada

Ministério gasta mais para ver o papa do que na Olimpíada

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A viagem da comitiva do Ministério do Esporte para a principal competição esportiva do planeta, a Olimpíada, custou menos à União do que a visita de Agnelo Queiroz e funcionários ao papa João Paulo 2º, na semana passada.
As diárias de Agnelo na Olimpíada foram mais baratas também do que as de sua ida à Paraolimpíada, em setembro.
É o que mostram dados do Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos do governo federal.
Para a visita ao Vaticano, o governo gastou R$ 20.684 em diárias com Agnelo e dois funcionários do Ministério do Esporte. É apenas R$ 81,56 a menos que o pacote Olimpíada-amistoso da seleção de futebol no Haiti, que incluiu estadia e gastos com transporte de dois secretários da pasta na Grécia e do ministro em Atenas e em Porto Príncipe. Como o chamado "Jogo da Paz" foi realizado em meio à Olimpíada, a pasta não fez distinção entre as duas viagens.
No mês seguinte, em sua segunda visita a Atenas, para a Paraolimpíada, Agnelo recebeu R$ 5.755,75 por um período de 5,5 dias. Em agosto, quando ficara hospedado no Queen Mary 2, o maior transatlântico do mundo, o ministro recebera R$ 4.064,13, valor que incluiu a ida ao Haiti.
Reportagem feita pela assessoria de comunicação da pasta em 4 de outubro relata o encontro de Agnelo e de crianças beneficiadas pelo programa Segundo Tempo com o pontífice. "Ele [o papa] recebeu do ministro Agnelo um conjunto de material esportivo confeccionado por presidiários que participam de outro programa social do ministério, o Pintando a Liberdade. (...) Agnelo acredita que a ida das crianças ao Vaticano é uma dupla conquista. Permite que crianças humildes conheçam o Vaticano, o papa, a capital da Itália, Roma, e um pouco da história da nossa civilização. Em segundo lugar, revela o reconhecimento (...) de um programa de inclusão social do governo."
Nos gastos apontados no Siafi não estão incluídas as despesas com as crianças na Europa.
Enquanto em 2004 desembolsou R$ 135.869,20 com o pagamento de diárias no exterior, a pasta se negou, por exemplo, a ajudar a Confederação Brasileira de Ginástica. Para enviar a equipe juvenil ao Pan de El Salvador, a CBG pediu verba ao ministério -ouviu um não como resposta.
Em 2003, Agnelo passou por sua maior crise justamente por causa de viagens. Para ir ao Pan, ele recebeu R$ 11.112 em diárias. O dinheiro deveria se destinar ao pagamento do hotel. Mas a hospedagem foi bancada pelo COB. Queiroz disse 65 dias após os depósitos, quando o caso veio a público, que devolveria a verba.


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