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POLÍTICA
Despesas do Esporte para utilizar navio de luxo em Atenas são superadas por viagens a Roma e à Paraolimpíada
Ministério gasta
mais para ver o papa
do que na Olimpíada
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A viagem da comitiva do Ministério do Esporte para a principal
competição esportiva do planeta,
a Olimpíada, custou menos à
União do que a visita de Agnelo
Queiroz e funcionários ao papa
João Paulo 2º, na semana passada.
As diárias de Agnelo na Olimpíada foram mais baratas também do que as de sua ida à Paraolimpíada, em setembro.
É o que mostram dados do Siafi,
o sistema de acompanhamento
de gastos do governo federal.
Para a visita ao Vaticano, o governo gastou R$ 20.684 em diárias
com Agnelo e dois funcionários
do Ministério do Esporte. É apenas R$ 81,56 a menos que o pacote
Olimpíada-amistoso da seleção
de futebol no Haiti, que incluiu
estadia e gastos com transporte de
dois secretários da pasta na Grécia
e do ministro em Atenas e em
Porto Príncipe. Como o chamado
"Jogo da Paz" foi realizado em
meio à Olimpíada, a pasta não fez
distinção entre as duas viagens.
No mês seguinte, em sua segunda visita a Atenas, para a Paraolimpíada, Agnelo recebeu R$
5.755,75 por um período de 5,5
dias. Em agosto, quando ficara
hospedado no Queen Mary 2, o
maior transatlântico do mundo, o
ministro recebera R$ 4.064,13, valor que incluiu a ida ao Haiti.
Reportagem feita pela assessoria de comunicação da pasta em 4
de outubro relata o encontro de
Agnelo e de crianças beneficiadas
pelo programa Segundo Tempo
com o pontífice. "Ele [o papa] recebeu do ministro Agnelo um
conjunto de material esportivo
confeccionado por presidiários
que participam de outro programa social do ministério, o Pintando a Liberdade. (...) Agnelo acredita que a ida das crianças ao Vaticano é uma dupla conquista.
Permite que crianças humildes
conheçam o Vaticano, o papa, a
capital da Itália, Roma, e um pouco da história da nossa civilização.
Em segundo lugar, revela o reconhecimento (...) de um programa
de inclusão social do governo."
Nos gastos apontados no Siafi
não estão incluídas as despesas
com as crianças na Europa.
Enquanto em 2004 desembolsou R$ 135.869,20 com o pagamento de diárias no exterior, a
pasta se negou, por exemplo, a
ajudar a Confederação Brasileira
de Ginástica. Para enviar a equipe
juvenil ao Pan de El Salvador, a
CBG pediu verba ao ministério
-ouviu um não como resposta.
Em 2003, Agnelo passou por sua
maior crise justamente por causa
de viagens. Para ir ao Pan, ele recebeu R$ 11.112 em diárias. O dinheiro deveria se destinar ao pagamento do hotel. Mas a hospedagem foi bancada pelo COB.
Queiroz disse 65 dias após os depósitos, quando o caso veio a público, que devolveria a verba.
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