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FUTEBOL
Incomparável trio
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
A Venezuela tem atacantes
habilidosos, um bom toque
de bola, mas não aprendeu a
marcar. O time continua ingênuo
e bobo. Isso e o enorme talento
dos jogadores brasileiros ocasionaram a goleada.
Zé Roberto avançou bem, como
sabe e gosta. Ele tem habilidade e
velocidade para fazer isso contra
qualquer adversário. Porém, sempre que o Brasil enfrenta equipes
melhores, Zé Roberto e os outros
dois armadores preocupam-se demais com a proteção aos defensores, ficam muito distantes dos três
homens da frente e tocam pouco a
bola, como gosta o Parreira.
O trio de armadores marca
também de longe. Nesses dois
anos, com poucas exceções, como
o jogo contra a Venezuela, o
meio-campo tem sido a deficiência da seleção ou o setor menos
brilhante. Por isso, Parreira já fez
várias mudanças por motivos técnicos nesse setor.
Magrão vai substituir Juninho
Pernambucano, o melhor dos três
armadores brasileiros. Poderia
também ser o Edu, mas não torto
pela direita como entrou contra a
Venezuela, e sim mais recuado
pelo meio, trocando de posição
com Renato, que atua bem dos
dois jeitos.
Como Parreira gosta de dizer
que Juninho e Zé Roberto são
meias, e não volantes (eles se posicionam e marcam como volantes
e avançam como meias), o técnico deveria procurar outro reserva
para o Zé Roberto. Edu é um bom
volante, e não um meia.
Alex deve substituir Kaká. Assim, o time mantém o estilo com
dois meias e um centroavante.
Dependendo do tipo de jogo,
Adriano será uma ótima opção.
Se o Brasil não estiver bem no primeiro tempo, por variados motivos, a culpa será do "sonolento"
Alex. Aí entra o Adriano.
Quero ver o Brasil ganhar e brilhar contra a Colômbia e na
maioria das partidas contra melhores equipes. Após o Mundial
de 2002, o Brasil só ganhou com
facilidade das fraquíssimas seleções de Venezuela, Bolívia, Hungria e Haiti. Neste ano, foram sete
empates em 17 jogos. Isso é preocupante para um time que tem
uma geração de craques tão espetacular quanto às de 58, 70 e 82.
Não se pode também comparar
a campanha atual com a da última eliminatória. Naquela ocasião, não tinha uma base formada, houve troca de técnicos e, na
maioria das partidas, os atacantes eram Luizão, Edílson, Marcelinho Paraíba e outros. Hoje, os
dois atacantes são os dois Ronaldinhos. É uma enorme diferença.
Após a fácil vitória sobre a Venezuela, voltou a euforia. Já foi
esquecido o futebol coletivo lento
e previsível contra a Alemanha e
da maioria dos jogos contra boas
equipes. Zé Roberto, que era muito mais criticado do que merecia,
tornou-se um craque. Não é uma
coisa nem outra. Se o Brasil jogar
mal hoje, retorna a depressão. É
sempre assim.
Brasil é melhor
A Argentina ganhou fácil do
Uruguai, o que não se esperava. O
novo técnico, José Pekerman,
manteve os três zagueiros, o estilo
vibrante e ofensivo e a marcação
por pressão. Além de ter muita
habilidade, o meio-campo da Argentina desarma muito mais do
que o do Brasil.
Mas houve uma modificação
importante. Saíram os pontas
medianos Rosales e Delgado, que
só jogavam por causa do desenho
tático, e entraram jogadores mais
habilidosos (Riquelme e Saviola).
O talento tem preferência. O time
atua agora com um meia ofensivo e dois atacantes, em vez de dois
pontas e um centroavante.
Ficaram ainda de fora dessa
partida, por suspensão ou contusão, excelentes atletas, como Ayala, Tevez, D'Alessandro, Verón,
Aimar, Crespo e Killy Gonzalez. A
Argentina possui dois ótimos jogadores em cada posição. Mas o
Brasil é superior porque tem um
trio incomparável e decisivo na
frente.
Nada de novo
Não há hoje na Europa uma
grande seleção. A França, que era
a melhor, piorou muito com a saída de vários atletas, principalmente Zidane. Após o sucesso de
sua retranca na Eurocopa, a Grécia voltou ao seu lugar, o de time
pequeno.
Espanha e Inglaterra são as
duas seleções com mais chances
de crescerem. A Espanha tem vários excelentes jogadores em evolução, como Vicente, Reyes e Xavi. O jovem atacante inglês Rooney tem grandes chances de se
tornar um craque.
E, como a próxima Copa será
na Europa, não é grande o favoritismo do Brasil.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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