São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Plano de consultorias e ameaça de voltar à FPF esbarram em ex-colegas

Cartolas rechaçam retorno de Farah ao mundo da bola

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Se depender da vontade dos principais cartolas do país, Eduardo José Farah, 69, não tirará do papel seu plano de voltar à ativa.
A manifestação dos ex-colegas foi motivada pelas declarações de Farah publicadas ontem na Folha. Na entrevista, o ex-presidente da Federação Paulista tornou público o rompimento com seu sucessor, Marco Polo Del Nero, declarou que, se quisesse, poderia voltar a dirigir o futebol no Estado imediatamente e confirmou sua idéia de dar consultoria a clubes.
Questionados sobre a possibilidade de Farah retornar à presidência da FPF, agora ou nas eleições de 2006, representantes de três dos grandes paulistas manifestaram-se contrários à idéia.
Os desafetos do ex-cartola não quiseram se manifestar publicamente, alegando que a disputa entre Farah e Del Nero não lhes dizia respeito. Mas a Folha ouviu deles expressões como "por mim ele não passa nem na rua da FPF" e "a era Farah está morta e enterrada".
Para justificar suas posições, dirigentes de Palmeiras, Corinthians e Santos disseram que a FPF de Del Nero tem outra cara. Apontam como mudanças o tom conciliador do novo mandatário, cortes de despesas em R$ 6,2 milhões e a abertura de licitações para escolher parceiros do Paulista.
Até antigos aliados, como José Luiz Lourencetti (Guarani) e Oliveira Júnior (Ituano), destacaram mudanças na FPF. "Antes, a gente ficava esperando até sete horas para ser atendido, era um desrespeito", disse o dono do clube de Itu em almoço na FPF na sexta. "Quando eu tinha audiência com o Farah, não marcava nenhum outro compromisso, porque não sabia a que horas ele me atenderia", completou o cartola bugrino.
O são-paulino Marcelo Portugal Gouvêa, único citado por Farah como bom dirigente do futebol brasileiro, disse ser simpático à volta de seu aliado, mas não quis comprar briga com Del Nero.
"Concordo com o Farah. Sou mesmo um ótimo dirigente, mas não tenho carisma. Se ele resolvesse voltar ao futebol, acho que faria uma ótima administração. Mas essa é uma questão em que o São Paulo não vai se meter."
O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, também rechaçou a volta. "Ficou claro que a renúncia foi como a do Jânio Quadros. Ele achava que todos iam querer sua volta. Não foi isso que aconteceu, para o bem do futebol."
Marco Polo Del Nero evitou atacar o novo rival. "Não vou mais falar dele. Em outros tempos, haveria reunião de apoio ao presidente na FPF. Sou diferente."
Ricardo Teixeira, da CBF, não fala publicamente, mas vê como um alívio a saída do desafeto.
A Folha tentou, sem sucesso, ouvir Farah ontem. Foi informada por uma secretária que ele não estava em seu escritório.


Colaboraram João Carlos Assumpção e Eduardo Arruda, da Reportagem Local

Texto Anterior: Transferência malsucedida atrapalha revelação
Próximo Texto: Corinthians tem segunda lesão em 2 dias
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.