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Para Pequim, politização da Olimpíada é injusta
Um dia depois de o cineasta Steven Spielberg deixar de assessorar os Jogos de 2008, China nega interferência em conflito no Sudão
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após o cineasta Steven Spielberg anunciar a saída
do posto de assessor artístico
dos Jogos de Pequim, a China
apelou a ativistas que associam
sua ligação com o Sudão à
Olimpíada para que façam "jogo limpo", numa tentativa de
despolitizar a competição.
O país asiático é aliado do Sudão, que enfrenta conflitos na
região de Darfur desde 2003.
Estimativas não oficiais dão
conta de que 200 mil pessoas
tenham morrido nos ataques
na região oeste sudanesa.
A China é acusada de não ajudar na resolução do embate -o
governo do Sudão, parceiro chinês, apóia uma das forças no
conflito do país.
Spielberg pediu afastamento
com a justificativa de que o governo chinês nada fazia para
apaziguar a situação no Sudão.
A embaixada chinesa em
Washington emitiu comunicado, sem citar a saída do diretor
norte-americano do projeto,
destacando "o papel positivo da
China na questão de Darfur".
A nota ainda frisou que "Darfur não é assunto interno da
China" e "não foi causado pela
China". "É totalmente sem sentido e injusto por parte de certas organizações fazer uma relação direta entre as duas coisas", disse a embaixada.
No mesmo dia da desistência
de Spielberg, uma carta foi enviada ao presidente da China,
Hu Jintao, condenando o apoio
ao Sudão. O documento tinha a
assinatura de oito ganhadores
do prêmio Nobel, 13 atletas e 46
parlamentares, além de personalidades como a atriz Mia Farrow, crítica da participação do
cineasta na Olimpíada.
Grupos rebeldes de Darfur,
em oposição ao governo do Sudão, pediram o boicote à Olimpíada. "Estamos fazendo um
apelo a todas as nações para
boicotarmos os Jogos Olímpicos, assim como a todos os atletas", disse o porta-voz do Movimento Justiça e Igualdade, Ahmed Hussein Adam.
O comitê organizador dos Jogos não se pronunciou.
O Comitê Olímpico Internacional limitou-se a dizer que a
saída de Spielberg foi uma "decisão pessoal". "O COI não intermediou a relação entre Pequim e Steven Spielberg. Não
cabe à entidade fazer qualquer
comentário", informou o comitê, em comunicado.
A crise veio à tona na mesma
semana em que países sinalizaram censura a seus atletas em
Pequim. O comitê da Grã-Bretanha anunciou que seus esportistas seriam proibidos de
falar em política, sob pena de
afastamento da Olimpíada.
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