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FUTEBOL
Dados da CBF mostram que há menos jogadores ganhando mais de R$ 2.600 e mais ganhando menos de R$ 260
"Pobres da bola" aumentam em 1998
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
A concentração de renda no futebol brasileiro aumentou em 1998.
De acordo com documentos do
Departamento de Registro e
Transferência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) obtidos
pela Folha, apenas 701 dos 16.343
jogadores profissionais catalogados pela entidade receberam mais
de 20 salários mínimos mensais no
ano passado. Ou seja, apenas 4,3%
desses atletas ganharam mais de
R$ 2.600,00 por mês, declarados.
Embora não de forma contínua,
esse número vem caindo. Em 1997,
a porcentagem de jogadores que
integravam essa elite era de 5,2%.
Um ano antes, eram 4,3%.
A concentração da renda também ocorre na base da pirâmide
salarial, formada pelos jogadores
que receberam um salário mínimo
mensal (R$ 130,00) em 98.
No ano passado, 8.638 ou 52,9%
dos atletas estavam incluídos nessa faixa. Em 1997, essa porcentagem era de 49,5%. Em 1996, ela havia sido de 50,8%.
""É uma concentração de renda
absurda", disse o presidente do
Sindicato dos Atletas de Futebol
do Estado do Rio de Janeiro, Alfredo Sampaio.
Além de a maioria dos atletas ganhar até um salário mínimo em 98,
a concentração de renda se agrava
ainda mais se for levada em consideração a porcentagem de jogadores que receberam de um a dois salários mínimos (R$ 260,00).
De acordo com os documentos
oficiais da CBF, 30,5% dos atletas
profissionais de futebol se enquadram nessa faixa salarial.
No total, 83,4% dos atletas profissionais do futebol receberam até
R$ 260,00 mensais em 1998.
"Por fora"
""A realidade é muito dura, mas
existe uma grande parcela na faixa
de um salário mínimo que é maquiada pelos clubes", disse.
Segundo Sampaio, que também é
técnico do Bangu, a maioria dos
clubes obriga os atletas a assinar
contratos de um salário mínimo,
mas paga ""por fora" até R$ 1 mil.
""É uma forma de clubes e jogadores burlarem os impostos."
Para mudar a situação, Sampaio
disse que vai pleitear a criação de
um piso salarial para a categoria.
Essa é uma promessa renovada a
cada ano pelo menos desde 1997.
"Esta situação só vai melhorar
após uma lei determinar a criação
de um piso salarial para a categoria", disse o meia Wallace, do pequeno São Cristóvão, do Rio, que
recebe R$ 130,00.
O único Estado que chegou perto
da adoção de um piso salarial para
a categoria foi São Paulo.
Em abril de 98, o sindicato ganhou o piso de R$ 300,00 mais adicional noturno de 60% a partir das
22h no Tribunal Regional do Trabalho, mas o sindicato patronal recorreu da decisão ao TST, em Brasília. Falta julgar o recurso.
Os dados revelam ainda descumprimento da Lei Pelé, pela qual os
contratos de trabalho não podem
mais ser registrados na CBF.
Colaborou
Marcelo Damato, da Reportagem
Local
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