Cléo Velleda/Folha Imagem

O ex-campeão mundial Eder Jofre (à dir.) simula posição de luta ao lado do japonês Masahiko "Fighting" Harada, durante encontro em São Paulo

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

O brasileiro ex-campeão mundial dos galos e penas Eder Jofre, 62, estuda o retorno ao boxe profissional, agora como empresário.
O convite, feito na última sexta-feira, em São Paulo, partiu do único lutador que venceu Jofre, o japonês Masahiko ""Fighting" Harada, que tomou o cinturão dos galos do brasileiro em 1965 e o manteve na revanche um ano depois.
""Achei ótima a iniciativa, dar uma oportunidade para lutadores que não têm condições para desenvolver carreira aqui no Brasil. Vou fazer todo o possível para colaborar", afirmou Jofre.
O brasileiro encerrou a carreira em agosto de 1976 com 72 vitórias, 50 delas por nocaute, 4 empates e 2 derrotas. Jofre é até hoje o principal nome do pugilismo no país.
Embora esteja no Brasil apenas a passeio -passará o Carnaval no Rio e depois viaja para a Argentina e o Chile-, Harada não perdeu a oportunidade de tentar concretizar um projeto que já tentava encaminhar em 91, quando visitou o Brasil pela segunda vez.
Naquele ano, não conseguiu se reunir com o ex-adversário, que estava viajando.
""Desde que lutei com Jofre, fiquei impressionado com a qualidade dos lutadores brasileiros", afirmou. "Por que, então, não dar uma oportunidade a eles?"
O embrião do convite a Jofre surgiu no primeiro reencontro dos ex-pugilistas, ocorrido em 88, quando Harada visitou a casa do brasileiro, em São Paulo.
""Naquela oportunidade, Jofre e eu visitamos várias academias. No entanto, tudo não passava de uma idéia", disse o japonês.
No encontro de sexta, Jofre instruiu Harada para que fizesse a proposta por escrito, discriminando todos os detalhes do negócio, ao mesmo tempo em que se propôs a descobrir detalhes sobre como obter uma licença para ser empresário no Brasil. Eles decidiram manter um novo contato depois.

Perfis
A proposta de parceria envolveria principalmente o envio de brasileiros para combates no Japão.
Harada, atualmente presidente da Associação Japonesa de Boxe, está interessado em lutadores de categorias dos leves (limite de 61,290 kg) para baixo.
Hoje, um dos destaques brasileiros nessas categorias é o peso-leve Acelino ""Popó" Freitas, apresentado por Jofre ao ex-rival como ""um grande talento".
A restrição de categorias teria sua razão de ser por causa do biótipo dos japoneses.
""Se nós levássemos lutadores da categoria dos pesados (acima de 86,260 kg), não haveria adversários no Japão para enfrentá-los", afirmou Harada.
O modelo de contrato japonês para pugilistas estrangeiros varia caso a caso, mas frequentemente envolve a realização de três lutas em um período de um ano.
Lembrando-se de sua carreira, durante a qual nunca deixou de morar em São Paulo, Jofre quis saber do colega se os brasileiros seriam obrigados a viver no Japão ou poderiam se apresentar e retornar em seguida para o Brasil.
""Harada me explicou que tudo dependeria de patrocinadores, mas que a princípio não haveria empecilhos", contou Jofre, que também pediu informações sobre vistos de trabalho, passagens aéreas e valores de bolsas pagas aos lutadores no Japão.

Política
Em sua volta ao boxe profissional, Jofre deverá enfrentar problemas com a retomada de sua carreira na política.
O brasileiro volta a assumir cargo de vereador pelo PSDB no próximo mês, na condição de suplente de Alberto ""Turco Loco" Hiar, eleito deputado estadual.
O ex-campeão já havia ocupado vaga na Câmara paulistana em mandatos anteriores, mas não se elegeu em 96.
Além da atividade parlamentar, Eder Jofre dá aulas de boxe em uma academia de São Paulo e também trabalha no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), colhendo as reivindicações das pessoas que moram à beira das estradas.


Texto Anterior: Economia vira regulamento
Próximo Texto: Primeiro combate com japonês causou polêmica
Índice