São Paulo, quarta-feira, 14 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula põe no Pan verba de outras áreas

Com liberação de R$ 100 mi para tentar concluir obras a tempo, governo corta gastos até de programas de saneamento

Media provisória assinada pelo presidente remaneja dinheiro do Orçamento; maior parte é para reforma do complexo do Maracanã

Sergio Moraes/Reuters
Esportistas brasileiros exibem os uniformes com que a delegação disputará o Pan. As peças serão vendidas nas lojas com preços de R$ 99 a R$ 589. Além da delegação local, a Olympikus vai fornecer uniformes a atletas de outros 25 países no evento do Rio

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para tentar concluir as obras no Maracanã e no Maracanãzinho, no Rio, a tempo do início do Pan-Americano, o governo federal cortou até gastos de programas de saneamento.
O Ministério das Cidades é o que mais perde na operação que destina R$ 100 milhões extras para o evento.
O remanejamento de verbas foi objeto de medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Paulo Bernardo (Planejamento) e publicada na quarta passada. Desde então, não houve liberação do dinheiro, segundo pesquisa feita no Siafi (sistema de acompanhamento de gastos federais) pela ONG Contas Abertas.
A maior parte do dinheiro extra, anunciado por Lula durante visita ao Rio no último dia 7, vai para reforma dos estádios. Para bancar os gastos não previstos, o governo cancelou despesas previstas em programas de seis ministérios diferentes.
Pela ordem, os que mais perderam foram Cidades (R$ 43 milhões), Turismo (R$ 18 milhões), Saúde (R$ 16 milhões), Transportes (R$ 12 milhões) e Defesa (R$ 2 milhões). Outros programas do Ministério dos Esportes irão contribuir com mais R$ 9 milhões.
Entre os programas que supostamente serão prejudicados com a destinação de mais dinheiro ao Pan estão obras de melhoria de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Rio. Também foram alvos de cortes programas de saúde no Estado, a implantação de iluminação pública em trecho da rodovia Niterói-Manilha e a participação da União na Companhia Docas.
O cancelamento de verbas determinado na medida provisória poderá ser contornado até o final do ano, no entanto, caso cresça a arrecadação de tributos da União ou o governo recorra a novos remanejamentos de recursos do Orçamento.
A União é a maior patrocinadora do Pan. A verba federal no evento já ultrapassou R$ 1,5 bilhão. Com o Estado e o município do Rio, a estimativa de custo público é de 72% do total.
O orçamento inflado reforçaria a candidatura do Rio à Olimpíada de 2016. Até ontem à noite, a justificativa para o deslocamento de verbas em favor do Pan não estava disponível no endereço eletrônico da Presidência da República.


Texto Anterior: Tostão: Os brasileiros são melhores
Próximo Texto: Hipismo: Nuzman diz que não interferirá no caso Pessoa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.