São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Corinthians dá início a ação para cobrar Dualib

Clube quer ser assistente de acusação em processo

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians deu o primeiro passo na Justiça para exigir de seu ex-presidente Alberto Dualib o ressarcimento de recursos supostamente desviados dos cofres do clube. Advogados corintianos entraram, anteontem, com um pedido para serem aceitos como assistentes de acusação no processo criminal contra o cartola, que corre na Justiça comum. A ação analisa se houve desvios de dinheiro do clube por meio de notas frias.
Se o pedido for aceito, a diretoria do Corinthians reivindicará o bloqueio de bens de Dualib. Dessa forma, tentaria garantir que haveria bens a penhorar para que o ex-cartola devolvesse dinheiro ao clube. Outros acusados, como o ex-vice-presidente Nesi Curi, também podem ser atingidos. "Entramos com esse primeiro pedido e, se aceito, faremos o outro [bloqueio dos bens]", explicou o vice jurídico do Corinthians, Sergio Alvarenga. Investigação da Polícia Civil e de promotores estaduais apontou um total de cerca de R$ 1,4 milhão de notas frias dadas ao clube por serviços prestados, de 2002 a 2007. A empresa NBL era o centro do esquema, segundo denúncia do Ministério Público Estadual.
Há a suspeita dos promotores de que o desvio possa chegar a R$ 5,4 milhões, já que a movimentação financeira de Dualib no período investigado foi bem superior a suas rendas.
"Neste processo criminal, existe uma vítima. O interesse do Corinthians deve ser obter a devolução do dinheiro", afirmou o promotor José Reinaldo Carneiro. "Isso mostra a independência da atual diretoria em relação à anterior."
Segundo Carneiro, a cobrança do Corinthians da devolução do dinheiro pode acontecer no processo criminal. A decisão de pedir para ser assistente de acusação foi tomada por influência do departamento jurídico. A princípio, o presidente do clube, Andres Sanchez, era contra a iniciativa.
Sua posição era a de que o clube não deveria interferir no processo porque a acusação cabia apenas aos promotores estaduais. Assim, o clube deveria esperar os resultados da ação para pedir ressarcimento. Mas os advogados corintianos temem que Dualib complete a transferência de seus bens para offshore no Uruguai. Alguns estão descrentes quanto à recuperação do dinheiro.
Grampos da Polícia Federal -no outro processo sofrido por Dualib por conta da parceria com a MSI -mostraram o cartola conversando com seu contador sobre o repasse dos bens. Pelo diálogo, a operação estava pronta, mas não foi concluída. Dualib possui 33 imóveis listados na Junta Comercial.
O advogado do cartola, José Luis Toloza, porém, afirmou esperar negativa da Justiça ao pedido de bloqueio de bens. "O Alberto Dualib não adquiriu nenhum bem enquanto esteve no clube. Não tem com o que se preocupar", afirmou o advogado. "A Justiça Federal já negou pedido de seqüestro de bens feito pelo Ministério Público por esse motivo."


Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC


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