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RODRIGO BUENO
Patão feio
Além de não ser inglês, Milan é o único velhinho, brasileiro, patriota, medroso e irregular
semifinalista da liga européia
O MILAN faz o papel de patinho
feio na semifinal da Copa dos
Campeões. Talvez eu receba
e-mails de protesto por afirmar isso
(o glorioso rubro-negro italiano tem
a maior torcida dentre os times estrangeiros no Brasil, segundo uma
pesquisa feita pela coluna em 2003),
mas me sobram motivos para comparar o Milan com a solitária ave.
Primeiro, é bom lembrar, não era
nem para o Milan estar na disputa.
Devido ao escândalo de manipulação de resultados no calcio na temporada passada, o clube de Milão
perderia originalmente 15 pontos na
tabela, não apenas oito. Assim, não
entraria nem na fase preliminar da
Champions League. Os três ingleses
das semifinais não carregam na
atual campanha mancha desse tipo
nem correram o risco de ver o estádio em que mandam jogos sofrer punição por violência, caso do San Siro.
Vetado para o público por não seguir normas de segurança pelas próprias autoridades italianas, o estádio
esteve a ponto de não ser usado nos
mata-matas da Copa dos Campeões
-o Milan já tinha se preparado para
mandar partidas em Newcastle (Inglaterra) ou em Genebra (Suíça).
"Regular", o Milan seguiu adiante
na disputa continental com alguma
dose de sorte (em sorteios e marcações da arbitragem). O técnico Carlo
Ancelotti é o único que tem apostado, dentre os semifinalistas, em um
esquema com um atacante apenas
-Gilardino ou Inzaghi, uma vez que
Ronaldo não pode atuar na Champions League e Ricardo Oliveira vive
maré de azar até com lesões.
A média de idade do time titular
do Milan que jogará a nobre semifinal beira os 30 anos (seria hoje 29,6
anos, contra 27,6 do Manchester
United, 27,3 do Chelsea e 25,4 do Liverpool). Aqui, não tratamos ainda
de Cafu, Costacurta e Ronaldo, remanescentes da Copa-94, entre outros velhos conhecidos do elenco.
Além dos três brasileiros já citados, o Milan ainda conta com Dida,
Serginho e o craque da equipe, Kaká,
líder em gols (7) e finalizações a gol
(19) da Copa dos Campeões (sem
Shevchenko, acabou sendo adiantado e hoje é ainda mais o dono do time). Chelsea e Manchester United,
favoritos à final, não contam com
atletas brasileiros no momento, e o
Liverpool perdeu Fábio Aurélio com
lesão grave no tendão-de-aquiles.
Fora de campo, o time italiano
também está bem diferente dos três
concorrentes ingleses. Basicamente
por ser controlado ainda por um dirigente do próprio país (Silvio Berlusconi segue apitando). Liverpool
(George Gillett e Tom Hicks) e Manchester United (Malcolm Glazer)
caíram nas mãos de americanos, e o
Chelsea é há quatro temporadas do
magnata russo Roman Abramovich.
Quem acompanha a coluna já leu
faz tempo que a inédita final inglesa
está desenhada. Só esse intruso Milan pode evitar isso. Pega o melhor
time europeu e o melhor jogador da
atualidade de contrato renovado.
Mas esse patinho feio, mesmo que
não vire um lindo cisne, é gigante.
PATÃO INGLÊS
Renato Brandão, um dos muitos
leitores-torcedores do Milan da coluna, já mandou seu e-mail: ""Semifinal 1957/58 (Manchester 2 x 1 Milan e Milan 4 x 0 Manchester), semifinal 1968/69 (Milan 2 x 0 e 0 x 1
Milan) e oitavas 2004/05 (0 x 1 Milan e Milan 1 x 0)". Além disso, lembro que o Milan decidirá em casa e
está bem mais descansado que o rival (envolvido em maratona de jogos e na luta por outros títulos). E
vê Cristiano Ronaldo pendurado.
PATÃO ALEMÃO
Esperava a classificação do Bayern contra o Milan, pois a chegada
recente de Hitzfeld acendeu o time.
Mas venceu o treinador com mais
tempo no cargo. Ancelotti assumiu
em 2001. Alex Ferguson está no
Manchester desde 1986. Mourinho
(Chelsea) e Rafa Benítez (Liverpool) vão firmes desde 2004. É...
rbueno@folhasp.com.br
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