|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE
Conta de divisão
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
O Nacional masculino voltou à TV aberta, registrou
partidas bastante disputadas e
lançou Minas Gerais como um
promissor centro de basquete.
Mas, para variar, encerra hoje
sua fase de classificação sob descrédito, graças a um detalhe do
regulamento.
A Confederação Brasileira definiu que o primeiro critério de desempate na tabela será o "cesta
average" -o resultado da divisão entre o total de pontos convertidos e o total de pontos sofridos
pela equipe ao longo do torneio.
Esse índice, indecifrável pela
maioria dos torcedores, parece
inofensivo aos desavisados. Mas
sua supervalorização compromete não apenas o encaminhamento
de um campeonato, como a saúde
do próprio esporte.
Esta noite, por exemplo, pode (e
deve) redundar em um triplo empate na classificação final do Nacional. Basta que, no Rio, o Flamengo supere a frágil equipe do
Franca, e o Ribeirão Preto tropece
em Belo Horizonte diante do forte
Minas. Nesse cenário, Flamengo,
Araraquara e Ribeirão Preto terminariam na quarta colocação,
com 21 vitórias e 11 derrotas.
A diferença do "cesta average"
entre os times já é tão expressiva
que dificilmente a ordem na tabela fugirá de 4º) Ribeirão Preto, 5º)
Flamengo e 6º) Araraquara.
O problema é que os ribeirão-pretanos perderam os quatro confrontos contra os dois adversários
que ficarão na sua rabeira. O critério da CBB simplesmente ignora esse retrospecto, desmoralizando, assim, 15 semanas de disputa.
Em uma competição no sistema
de turno e returno, como o Nacional, o princípio mais justo de desempate seria o confronto direto.
Fosse assim, em vez de receber o
Flamengo para definir o mata-mata das quartas-de-final, o Ribeirão Preto teria de desafiar o
Uberlândia (3º lugar) fora de casa -uma tarefa bem mais árdua.
Os defensores do "cesta average" alegam que o critério premia
o basquete ofensivo e aumenta o
interesse por todos os jogos. Afinal, toda cesta faz diferença.
Não enxergam, contudo, que,
por causa dessa distorção, os treinadores têm sido cada vez mais
conservadores nas escalações. Para dilatar o placar, exaurem seus
melhores jogadores. Abrem pouco
espaço para novos talentos. Deixam de oxigenar um basquete
que há décadas sofre de asma.
Veja o caso do Vasco, que, mesmo participando paralelamente
da Liga Sul-Americana, não pode
se dar ao luxo de poupar os veteranos de seu elenco. Anteontem
mesmo, ainda se recuperando de
contusão, Chuí, 38, precisou disputar 25 dos 40 minutos contra o
eliminado São Caetano. Uma
partida que os vascaínos haviam
ganho já no terceiro quarto!
Caem nessa cilada burocrática
até os times em fase de formação,
como o próprio Araraquara, que
no início do ano perdeu o técnico,
por razões de ordem médica.
Ninguém ousa nada. Nada.
Como no ano passado, São Paulo é minoria nos mata-matas do
Nacional -Bauru, Araraquara e
Ribeirão Preto representam o Estado entre os oito classificados. À
primeira vista, isso pode parecer
um sinal de vigor do basquete em
outras regiões do país. Mas como
explicar, então, que o trio carioca
nos playoffs, Vasco, Flamengo e
Fluminense, põe em dúvida sua
participação no Nacional do ano
que vem por falta de perspectivas
financeiras?
Denominador 1
A insatisfação com a bola utilizada também sacudiu o torneio masculino. O modelo 6.1 da Penalty, produzido com material sintético,
foi considerado escorregadio por vários atletas. Alguns times chegaram até mesmo a pôr em quadra bolas antigas, de uma linha que
nem é mais fabricada, a 5.1, de couro natural. Para encerrar a controvérsia, foi lançado um outro modelo, o 7.3, também de material
sintético, mas que, segundo os testes, é mais aderente.
Denominador 2
Três brasileiros participarão do "draft" da NBA, o vestibular que a
liga realiza anualmente para renovar seus 29 times. O ala-pivô Nenê (ex-Vasco) segue bem cotado pela imprensa americana. O ala
Jefferson (Ribeirão Preto) provavelmente quer só se projetar para
tentar a sorte na Europa. E o ala-pivô Anderson Varejão (Barcelona) inscreveu-se na última hora, o que possivelmente diminuirá
suas chances de arrumar um bom contrato.
E-mail melk@uol.com.br
Texto Anterior: Basquete: Última rodada do Nacional define apenas os duelos dos mata-matas Próximo Texto: Automobilismo: Todt assume toda a culpa por "marmelada" Índice
|